sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Outras Palavras



Publico, a pedidos, dois textos que recebi via e-mail, para degustação/reflexão. Um destes, Reflexão sobre a sociedade brasileira, escrito pelo Prof. Onéas a partir de reflexão sobre tema do ENEM/2009. O outro texto, desconheço o autor, mais é uma ode a reflexão sobre as exigências das empresas do mundo capitalista aos seres humanos que lutam por um emprego.


Reflexão sobre a sociedade brasileira

Ontem ao observar o tema da redação da prova do ENEM (sobre ética na sociedade e política brasileira) fiquei muito feliz! E ao conversar com o amigo e colega de profissão prof. Lula, discutíamos sobre a emoção de vermos este tema em debate.
Ontem a noite um súbito arrepio correu meu corpo e me perguntei: como nossos alunos poderiam ir bem nessa redação? Nossa sociedade desde tempos imemoráveis é marcada por manipulações e por golpes e com o passar do tempo para muitos o ilícito passou a ser lícito.
Poderia falar e narrar vários episódios, porém para não me alongar vou me deter a falar do “jeitinho brasileiro” é aquele mesmo que coloca o desonesto de hoje como esperto, e não mais como um mau caráter, aquele jeitinho em conseguir de forma erma os nossos objetivos e alcançar nossos interesses, nos acostumamos a cobrar dos outros, o que não praticamos no dia-a-dia, criticamos políticos como Sarney que empregam parentes e agregados, mas sempre batemos à porta de políticos pleiteando cargos e favores dos mais variados, falamos em apropriação ilícita porém somos os mesmos que ao recebermos o troco a mais na padaria ou no mercado nos orgulharmos de ter levado vantagem com o caixa, não se pode cobrar no macro sem praticar no individual ontem assisti patético a um amigo torcedor do Flamengo me gozar dizendo: somos campeões! E eu retruquei: todos viram que o titulo do Flamengo foi facilitado pelos adversários! E ele rindo disse: o que importa somos campeões! Fui dormir ontem triste não por não ser torcedor do clube e sim por perceber para o nível ou falta do mesmo que está caminhando a nossa sociedade tupiniquim.
Desolado hoje pela manhã fui à padaria comprar o sagrado pão nosso de todo dia e para minha surpresa e decepção vi uma mãe mandar uma criança esconder o troco por ter supostamente recebido umas moedas a mais, de imediato pensei: parem o mundo que eu quero descer!
Assim pergunto aos amigos se nossas principais instituições, estado, igreja e família estão apodrecidas pelas práticas e na estrutura, como nosso jovem pode escrever sobre ética?
Nossa política, nosso esporte e principalmente nossa família forjam a ferro e fogo nosso caráter e personalidade por isso clamo a todos, cuidado com nossas práticas e com nossos exemplos se não vamos ter que nos acostumar a vermos nossas crianças nos passarem à perna nos ludibriando no dia-a-dia e quando for questioná-los ainda ouvir pai eu aprendi com você!

Professor: Onéas Sales
enviado para luladossantos@yahoo.com.br






Você tem experiência?

No processo de seleção da Volkswagen do Brasil, os candidatos deveriam responder a seguinte pergunta:

"Você tem experiência"? A redação abaixo foi desenvolvida por um dos
candidatos. Ele foi aprovado e seu texto está fazendo sucesso, e ele
com certeza será sempre lembrado por sua criatividade, sua poesia, e acima
de tudo por sua alma.

**REDAÇÃO VENCEDORA**

Já fiz cosquinha na minha irmã pra ela parar de chorar, já me queimei
brincando com vela.

Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto, já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo.

Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista.

Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora.

Já passei trote por telefone.

Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.

Já roubei beijo. Já confundi Sentimentos.

Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.

Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro, já me cortei fazendo a barba apressado, já chorei ouvindo música no ônibus.

Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de esquecer.

Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas, já subi em árvore pra roubar fruta, já caí da escada de bunda.

Já fiz juras eternas, já escrevi no muro da escola, já chorei sentado no chão do banheiro, já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante.

Já corri pra não deixar alguém chorando, já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.

Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado, já me joguei na piscina sem vontade de voltar, já bebi uisque até sentir dormentes os meus lábios.

Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.

Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso, já quase morri de amor, mas
renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial.

Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.

Já apostei em correr descalço na rua, já gritei de felicidade, já roubei rosas num enorme jardim.

Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um "para sempre" pela metade.

Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol,

Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.

Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú, chamado coração.

E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita: "Qual sua experiência?".

Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência...experiência...Será que ser
"plantador de sorrisos" é uma boa experiência?

Sonhos!!! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos!

Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta:

Experiência? Quem a tem, se a todo o momento tudo se renova?".

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A NATUREZA DAS COISAS. A NATUREZA DOS HOMENS


Guernica - Quadro de Pablo Picasso



Pode se libertar as coisas de leis externas ou acidentais, mas não das leis da sua própria natureza. Você pode, se quiser, libertar um tigre da jaula; mas não pode libertá-lo de suas listras. Não liberte o camelo do fardo de sua corcova: você o estaria libertando de ser um camelo. Não saia por aí feito um demagogo, estimulando triângulos a libertar-se da prisão de seus três lados. Se um triângulo se libertar de seus três lados, sua vida chega a um desfecho lamentável. (Chesterton)
Posso não concordar com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo. (Voltaire).

Recorro as idéias de dois grandes pensadores, o ingles G.K. Chesterton, e o francês François-Marie Arouet (Voltaire), para divagar sobre a maldade endêmica que campeia nesse mundo, mais de perto a grande praga que assola a humanidade, a corrupção, que condena o pobre a mais pobreza, que semeia a fome e as iniquidades.
Caixa dois, mensalão, meias, cuecas, superfaturamento, propina, enrequecimento ilícito, não preciso recorrer a Bertolt Brechet para afirmar que o mundo seria outro sem o flagelo da raça humana, sem o câncer que campeia sem freios entre os humanos, principalmente entre os dirigentes e funcionários pagos para gerenciar os bens públicos.
Dessa forma, embora não concordando plenamente com as palavras de Chesterton mas, usando a máxima de Voltaire, tento compreender, embora sem aceitar, que a natureza das coisas às vezes se aplica a natureza dos homens. Não acreditando que já nascemos pré determinados, mais parece que a natureza da corrupção se agrega ao corrupto e ao corruptor, fazendo com que estes não se libertem jamais desse fardo. Por conseguinte, não adianta simplesmente perdoa-los, ou faze-los pagar pelo mau cometido contra o povo e depois, torná-los novamente gestores da coisa pública.
Estamos constantemente sendo provados que aqueles que participam da faina com dinheiro publico jamais serão novamente honestos e retos. Neste ponto concordamos com Chesterton sobre a natureza das coisas aplicada a natureza dos homens, quem se locupletou com dinheiro público jamais se libertará desse vicio e cabe a justiça e a população afastar para sempre os maus administradores e maus funcionários só assim extirparemos de uma vez por todas a besta do apocalipse, a corrupção.
Luladezéemidio / Divagações
 
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