segunda-feira, 15 de março de 2010

Moleques, Políticos e Cidadãos Íntegros







De quantos moleques se precisa para se fazer um cidadão integro, e de quantos políticos se necessita para se fazer um moleque?
No mundo “underground” da política partidária prolifera um sem número de tipos de seres, e alguns que não sabem nem ser um ser. Roda e vira, mas vira do que roda, nesse campo pantanoso, as contradições afloram e a ignorância deflora para que não exista oposto. É interessante e perspicaz notar que os discursos, que sabemos serem apenas discursos, teimam em fazer a defesa de uma tal democracia, como se moleques, políticos e cidadãos íntegros tivessem as mesmas liberdades e direitos.
Luiz de Câmara Cascudo no seu brilhante trabalho “Dicionário do Folclore Brasileiro” define moleque como “Homem sem dignidade, que não satisfaz compromissos, irresponsável, doidivanas”, já político, segundo Aurélio Buarque tem o significado de “astuto, hábil, cortês, polido, que exerce a política”. Nota-se, portanto, uma similaridade nas assertivas dos dois mestres, pois, de posse de várias ações políticas, daqueles que exercem a política, político está mais para moleque do que para um cidadão íntegro.
Mas, como toda regra tem exceção, e como temos que separar o joio do trigo, embora nos últimos tempos essa separação seja um trabalho hercúleo, alguns políticos podem ser chamados de cidadãos íntegros. São aqueles poucos que não aceitam propina, não trabalham com compras superfaturadas, não fazem acordos espúrios, não recebem comissão “por fora” de empreiteiras, não vendem a alma para o diabo travestido de democrático, não aceita o jugo dos poderosos, não fecham os olhos para a corrupção, não aceitam serem corruptos ou corruptores, não aceitam quinquilharias, presentes, viagens, festas nababescas, ou outros tipos e formas de “compra” de voto e de “inconsciência”.
Enfim, qualificar de moleque um cidadão que busca a integridade, que luta para se manter fiel aos seus princípios, que honra seus ancestrais, é uma temeridade nestes tempos de valores invertidos, em que políticos estão mais para políticos e moleques estão mais para moleques.

Luladezéemidio março de 2010
 
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