domingo, 15 de novembro de 2009

Poesia de Bertold Brecht



Para você que não se importa com o que está acontecendo à sua volta, para você que está "com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar", para você que não se indigna com a miséria alheia, com a corrupção e com o nepotismo, para você que não está nem aí com a falta de segurança, com o péssimo atendimento nos hospitais públicos, com a péssima qualidade educacional das escolas que seu filho frequenta, aguarde como sempre, quieto, calado, sem reagir, sem protestar. A poesia abaixo é uma lição, sua hora, nossa hora, vai chegar:

Primeiro levaram os negros.
Mas não me importei com isso.
Eu não era negro.
Em seguida levaram alguns operários.
Mas não me importei com isso.
Eu também não era operário.
Depois prenderam os miseráveis.
Mas não me importei com isso.
Porque eu não sou miserável.
Depois agarraram uns desempregados.
Mas como tenho meu emprego, também não me importei.
Agora estão me levando.
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém.
Ninguém se importa comigo.

- Bertold Brecht (1898-1956)

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

DECÊNCIA E CANALHICE PODEM NÃO DEPENDER DE LEIS


O Grito - Edvard Münch.

Publico, abaixo, um texto do Professor Valteno, grande amigo e defensor ferrenho das causas libertárias.

DECÊNCIA E CANALHICE PODEM NÃO DEPENDER DE LEIS
Todos sabemos, o mundo já foi politeísta. Acreditava-se em vários deuses ao mesmo tempo. Tempos (de total ignorância) em que se vivia em pleno miserê e que nada se sabia explicar; por isso, elegia-se um deus até para justificar por que nasce uma planta – deusa da fertilidade.
Há passados 2009 anos do início desta Era, que tem seu marco com o nascimento de Cristo, por isso se denomina Era Cristã, reis e imperadores e toda a gente se dedicavam a uma diversidade de deuses, para os quais doavam carneiros, ouro, oferendas diversas – até filhos primogênitos eram ofertados em sacrifício aos tantos deuses.
Mesmo de antes do alvorecer desta Era chamada Cristã, lá na Antiguidade, já se tinha fixado nas atitudes das comunidades e de nações (Vide Grécia Antiga e Império Romano) a noção de certo e de errado; ou seja, tem-se aí o ontológico conceito de Ética.
Na verdade, e em verdade, as normas que hoje regem e norteiam as relações sociais todas do nosso quotidiano são mesmo derivadas dos costumes. E os costumes, que se espraiam nos hábitos sociais das coletividades, são frutos diretos, lisos e retos do senso ético daquilo que a maioria entende por Certo, bom e correto. Somente depois, tal costume, tal hábito, este ou aquele ato, tidos como éticos, já incorporados à vivência social, são arregimentados pelas instituições, autoridades e, especialmente, pelo Poder Legislativo, para serem transformados em norma jurídica, em lei.
Assim, o que então era sobretudo uma atitude moral, converte-se adiante em descrição legal do como o governante e os governados devem agir. Tem-se, de tão modo, o famigerado binômio moral versus legal. O certo é que, no fundo, não se contrapõem esses valores, eles não se dispõem em face de suposta adversidade, pois que, em Poço Verde e no Brasil, e desde a Roma Antiga, o legal há de ser sempre e ordinariamente derivado do moral (exceto na lendária história de Calígula).
Por exemplo: matar já foi ato normal, quando vigia a Lei de Talião, tempo em que toda a sociedade assimilava como correto que haveria de morrer quem matasse, que devia ser agredido quem agredisse (“Olho por olho, dente por dente”). Isso se deu até que a sociedade construiu outro conceito ético, outra moral sobre o valor vida. Tomando, em parte, essa ética de Talião, Platão estabeleceu, em sua A República, um universo em que devia ser condenado à morte o líder governante que tomasse como particular o bem do povo, da coletividade. Ou que de alguma forma se corrompesse e/ou se desviasse do interesse público. A questão escravocrata também nos traz reflexões reveladoras nesse tocante. No Brasil, até 12 de maio de 1888, era possível e legal escravizar negros famintos, sob o raio de todo tipo de tortura, inclusive o pelourinho; porém, no dia 13/05/1888, vinda a famigerada Lei Áurea, devido às muitas manifestações de clérigos, jornalistas e poetas como Castro Alves, e também a questões políticas ligadas à Corte inglesa, a escravidão negra no Brasil que foi sendo entendida como anti-ética, imoral, tornou-se então ilegal.
A estúpida ditadura militar, que tomou conta do poder no Brasil entre os anos 1964 e 1985, impôs um conjunto de regras, em que até expulsar pessoas do país, torturar e matar eram coisas legais. É patente que tais atos eram imorais, antiéticos, cruéis e desumanos. E vinda a Constituição Federal de 1988, tal imoralidade e tal desumanidade foi descrita também como ilegal.
De tal modo, percebemos que aquilo que afeta os interesses gerais da sociedade e de toda a coletividade constitui-se em atitude/ato imoral, anti-ética, apesar de tida como legalmente possível; podendo logo no outro dia tornar-se ilegal, nem sempre por causa de uma representação judicial, mas às vezes em função de uma passeatas, de uma greve, ou em virtude de qualquer outro levante social, que questione o poder e sua legitimidade em usar a máquina administrativa, para locupletar interesses familiares e/ou de grupos.
O nepotismo (entronar parentes nas funções públicas com gordos salários) já foi moda, e de tão comum e habitual, fazia-se regra; por conseguinte, era comportamento ético, moral e legal dos políticos. Entretanto, a Revolução Francesa que se deu em julho de 1789, já tivera como meta tal tipo de personalismo, de favoritismo, inclusive excomungando aos mil e um infernos a velha concepção e prática da hereditariedade.
Hoje, porém, a Constituição Federal de 05 de outubro de 1988, ao estabelecer para a Administração entre outros os princípios da Impessoalidade e da Moralidade, busca vetar o uso do público para o interesse individual da autoridade; a Resolução nº 07/2005, do Conselho Nacional de Justiça, buscou restringir o favorecimento de parentes com cargos e funções públicos; a Súmula 13, tenta flagrar abusos e deslizes dos administradores, que insistem em aumentar a renda familiar, empregando muitos parentes nas funções dos órgãos públicos. Ou seja, muito se tem feito para tornar ilegal (o nepotismo) a mania que os administradores têm de usar as máquinas administrativas estaduais e municipais, para transferir prestígio, forjar candidatos e, principalmente, para rechear suas contas bancárias. Mas as brechas das leis permitem que os maus políticos celebrem o estúpido divórcio entre o que é moral e o que é legal, insistindo-se no nepotismo desnudo e descarado.
Quando seu amigo fizer isso condene-o; quando seu parente fizer, desaprove; quando você tiver oportunidade, faça-o diferente. Empregar na Administração mulher, cunhadas e cunhados, irmã, sobrinho, periquito, papagaio, cão, gato nunca foi símbolo de decência governativa, ainda mais nesse país com tamanha necessidade de fazer circular a sua receita, para amenizar as agruras das tantas famílias sobremaneira carentes.
Texto do Prof. ZÉ VALTENO

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Benett - Realidade Rabiscada

RAPIDINHAS: PARA NÃO CALAR DE VEZ



Está ficando cada vez mais perigoso sair à noite na cidade. Todo “santo dia” uma casa é “arrombada” e, traficantes vendem drogas até na Praça da Matriz após as missas. A venda de drogas foi testemunhada por vários jovens que saiam da missa das 19:00 horas na sexta-feira 06.11.09.
É certo e de direito que se construa e reforme casas e lojas, porém o poder público está negligenciando seu dever de fiscalizar e o resultado são ruas sujas, entulhos jogados em praças e canteiros, calçadas ocupadas com material de construção. Está mais do que na hora de rever o código de obras do município. O executivo não pode simplesmente fazer vistas grossas a estas ações, o judiciário ficar omisso e os legisladores municipais ficarem alheios as suas atribuições de fiscalizadores e propositores.
Pergunto às pessoas de boa índole se é necessário construir uma praça da juventude, ou seria melhor cuidar das que já existem? Será que a construção de uma nova praça vai por fim ao tráfico de drogas, ao consumo cada vez maior de entorpecentes, a criminalidade crescente, a falta de investimentos na educação e projetos pedagógicos eficazes para termos uma educação de qualidade onde nossos jovens sairiam preparados para conseguir bons empregos.
Que tal uma Secretaria de Orçamento Participativo funcionando verdadeiramente, com um secretário competente, que consultasse a população do município, dos povoados e da cidade onde e quando investir os recursos públicos que chegam no nosso município. E, um painel em praça pública demonstrando quanto entrou de recursos em cada mês e onde e como foi gasto. Me belisca que estou sonhando!!!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Escrever para não morrer... Ou morrer.



Encontro-me numa encruzilhada.
Todos nós, vez por outra, ou todas às vezes, nos deparamos com uma bifurcação. Chamo a isso, muitas vezes, de crise existencial, para alguns frescura pura, para outros, do contra, desejo de poder, e ainda posso dizer que podem chamar de a coragem que nunca tive se conflitando com a covardia que sempre se apossou de mim. Mas, de qualquer forma é uma encruzilhada, e a única opção é escrever para não morrer... Ou morrer.
Escrever sobre o que? Sobre o pequeno universo que me circunda, minha urbe, o pequeno mundo que mal consigo enxergar com a luneta gasta ponto 47. O que vejo, o que muitos vêem, sem a hipocrisia ufanista do político da situação que acha que está tudo bom enquanto cai o último pedaço de muro da insensatez.
Falar de que, se não for da cidade entregue literalmente aos ratos, traças e baratas. Falar das ruas sujas, das praças mau reformadas, rotas e sem graça, dos monumentos recém construídos que servem para emoldurar, ratificar as idéias de um palanque que a muito se acabou, mas que permanece a farsa através da retórica do discurso de que estou fazendo isso, trazendo aquilo, construindo algo que não serve de referencial ético e moral para ninguém.
Mas, é escrever para não morrer... Ou morrer. Escrever sobre a droga que avança sobre crianças, jovens e adultos, a droga letal com nome de craque francês. É mais fácil, muito mais fácil, me esconder atrás destas letras, palavras mortas que no mínimo só vão provocar algum constrangimento, do que fazer um levante, para ser bombástico algo como os sans culote fizeram, em defesa da aplicação dos recursos públicos em programas que recuperem, que dignifiquem, que gere emprego e renda, que crie perspectiva para nossos jovens amaldiçoados pelo crack. Mas, é mais fácil fazer uma praça da juventude, ou seria melhor fazer uma praça da paz celestial, para escamotear as mazelas de uma cidade atrás de canteiros gramados, bancos, anfiteatros e sei lá o que mais.
E, para não dizer que não falei das flores, é escrever para morrer mesmo, porque, mais do que uma crise existencial, do que o desejo incontido de querer “ser o que não pode ser”, ser o que não poder ser, ser o que não é”, é falar por pura teimosia de uma educação pública sem referencial, sem perspectivas, sem norte, sem ideal, sem ideologia que condena ao fracasso milhares de crianças da nossa terra, desde os mais longíquos rincões do município, que não são tão distantes assim, até a sede, com suas escolas municipais decrépitas, sem vida. Falar de que, se não for de uma educação sem educação, que não privilegia suas melhores cabeças, que coloca no ostracismo um mestre em Filosofia, uma Professora nota 10 e toda uma comunidade expulsa “por não querer o que não pode ser, ser o que não é”, por querer não se entregar por trinta moedas, pois na cidade é mais fácil acender uma vela para o diabo do que se colocar contra os abusos da hierarquia do poder familiar.
Não, definitivamente não é uma crise existencial, são os sonhos utópicos parecidos com os de um cavaleiro que olhava para moinhos de vento e enxergava inimigos imaginários. É o afã de um lunático, que luta por um mundinho de poucas centenas de quilômetros quadrados mais justo, digno e igualitário. Mas, como só enxergo moinhos de vento, vejo empreitadas diabólicas escorrendo dinheiro público pelo ralo e indo parar em contas imaginárias. E, nestas minhas ilusões quixotescas, vislumbro uma política napoleônica de apego a familiares de um “alcaide iluminado” que reservou para os seus, seis lugares no Olimpo dos barnabés.
Ver demais e morrer cedo, reservem para mim um epitáfio com as seguintes palavras: escreveu e morreu... Escreveu sobre um circo chamado casa do povo, onde os palhaços não são os que estão no picadeiro, e no centro das atenções, não são os edis, somos nós. Nessa trupe shakespereana “do ser ou não ser eis a questão”, quem representa é o povo que é representado pela angústia de uns poucos que não sabem de que lado estão. Continuando a encenação da trupe câmara-diana aplico a filosofia de Raulzito que é viva e constante, o prefiro ser essa metamorfose ambulante, para sobreviver apenas um instante. Posso cobrar o que não fiz, posso fazer o que não vou cobrar ! Sem falar em outras ilicitudes.
No fim, vai existir um fim sempre enfim, resta o que não resta e desta nem Montesquieu escreveria pois, nesta urbe, como em muitas outras, o espírito das leis não existe, e, é a lei dos espíritos que prevalece, pois é mais fácil ver um camelo passar no buraco de um agulha do que ver um Magistrado pelas ruas da cidade, ou a foto, só uma foto do Promotor atual conhecido do povo, sem falar em empregos de três dias por semana e de finais de semana sem proteção. Oh! Justiça, quanta injustiça.
É, encontro-me numa encruzilhada. Muitos estão numa encruzilhada.
... Morrer! Porque nada resta além de uma fé inquebrantável e absoluta, em que tudo se justifica, desde negar-se a si mesmo até à extenuação, ou morrer oferecido em sacrifício.
Iin: http://www.josesaramago.org/blog/blogpor.php


Texto de luladezéemidio

terça-feira, 3 de novembro de 2009

SOMOS TODOS CEGOS, SURDOS, MUDOS...




Se você deixa de ver a pessoa, vendo apenas a deficiência,
quem é o cego?

Se você deixa de ouvir o grito do seu irmão para a justiça,
quem é o surdo?

Se você não pode comunicar-se com sua irmã e a separa,
quem é o mudo?

Se sua mente não permite que seu coração alcance seu vizinho,
quem é o deficiente mental?

Se você não se levanta para defender os direitos de todos,
quem é o aleijado?
(Autor desconhecido)
 
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