sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Outras Palavras



Publico, a pedidos, dois textos que recebi via e-mail, para degustação/reflexão. Um destes, Reflexão sobre a sociedade brasileira, escrito pelo Prof. Onéas a partir de reflexão sobre tema do ENEM/2009. O outro texto, desconheço o autor, mais é uma ode a reflexão sobre as exigências das empresas do mundo capitalista aos seres humanos que lutam por um emprego.


Reflexão sobre a sociedade brasileira

Ontem ao observar o tema da redação da prova do ENEM (sobre ética na sociedade e política brasileira) fiquei muito feliz! E ao conversar com o amigo e colega de profissão prof. Lula, discutíamos sobre a emoção de vermos este tema em debate.
Ontem a noite um súbito arrepio correu meu corpo e me perguntei: como nossos alunos poderiam ir bem nessa redação? Nossa sociedade desde tempos imemoráveis é marcada por manipulações e por golpes e com o passar do tempo para muitos o ilícito passou a ser lícito.
Poderia falar e narrar vários episódios, porém para não me alongar vou me deter a falar do “jeitinho brasileiro” é aquele mesmo que coloca o desonesto de hoje como esperto, e não mais como um mau caráter, aquele jeitinho em conseguir de forma erma os nossos objetivos e alcançar nossos interesses, nos acostumamos a cobrar dos outros, o que não praticamos no dia-a-dia, criticamos políticos como Sarney que empregam parentes e agregados, mas sempre batemos à porta de políticos pleiteando cargos e favores dos mais variados, falamos em apropriação ilícita porém somos os mesmos que ao recebermos o troco a mais na padaria ou no mercado nos orgulharmos de ter levado vantagem com o caixa, não se pode cobrar no macro sem praticar no individual ontem assisti patético a um amigo torcedor do Flamengo me gozar dizendo: somos campeões! E eu retruquei: todos viram que o titulo do Flamengo foi facilitado pelos adversários! E ele rindo disse: o que importa somos campeões! Fui dormir ontem triste não por não ser torcedor do clube e sim por perceber para o nível ou falta do mesmo que está caminhando a nossa sociedade tupiniquim.
Desolado hoje pela manhã fui à padaria comprar o sagrado pão nosso de todo dia e para minha surpresa e decepção vi uma mãe mandar uma criança esconder o troco por ter supostamente recebido umas moedas a mais, de imediato pensei: parem o mundo que eu quero descer!
Assim pergunto aos amigos se nossas principais instituições, estado, igreja e família estão apodrecidas pelas práticas e na estrutura, como nosso jovem pode escrever sobre ética?
Nossa política, nosso esporte e principalmente nossa família forjam a ferro e fogo nosso caráter e personalidade por isso clamo a todos, cuidado com nossas práticas e com nossos exemplos se não vamos ter que nos acostumar a vermos nossas crianças nos passarem à perna nos ludibriando no dia-a-dia e quando for questioná-los ainda ouvir pai eu aprendi com você!

Professor: Onéas Sales
enviado para luladossantos@yahoo.com.br






Você tem experiência?

No processo de seleção da Volkswagen do Brasil, os candidatos deveriam responder a seguinte pergunta:

"Você tem experiência"? A redação abaixo foi desenvolvida por um dos
candidatos. Ele foi aprovado e seu texto está fazendo sucesso, e ele
com certeza será sempre lembrado por sua criatividade, sua poesia, e acima
de tudo por sua alma.

**REDAÇÃO VENCEDORA**

Já fiz cosquinha na minha irmã pra ela parar de chorar, já me queimei
brincando com vela.

Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto, já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo.

Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista.

Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora.

Já passei trote por telefone.

Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.

Já roubei beijo. Já confundi Sentimentos.

Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.

Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro, já me cortei fazendo a barba apressado, já chorei ouvindo música no ônibus.

Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de esquecer.

Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas, já subi em árvore pra roubar fruta, já caí da escada de bunda.

Já fiz juras eternas, já escrevi no muro da escola, já chorei sentado no chão do banheiro, já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante.

Já corri pra não deixar alguém chorando, já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.

Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado, já me joguei na piscina sem vontade de voltar, já bebi uisque até sentir dormentes os meus lábios.

Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.

Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso, já quase morri de amor, mas
renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial.

Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.

Já apostei em correr descalço na rua, já gritei de felicidade, já roubei rosas num enorme jardim.

Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um "para sempre" pela metade.

Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol,

Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.

Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú, chamado coração.

E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita: "Qual sua experiência?".

Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência...experiência...Será que ser
"plantador de sorrisos" é uma boa experiência?

Sonhos!!! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos!

Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta:

Experiência? Quem a tem, se a todo o momento tudo se renova?".

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A NATUREZA DAS COISAS. A NATUREZA DOS HOMENS


Guernica - Quadro de Pablo Picasso



Pode se libertar as coisas de leis externas ou acidentais, mas não das leis da sua própria natureza. Você pode, se quiser, libertar um tigre da jaula; mas não pode libertá-lo de suas listras. Não liberte o camelo do fardo de sua corcova: você o estaria libertando de ser um camelo. Não saia por aí feito um demagogo, estimulando triângulos a libertar-se da prisão de seus três lados. Se um triângulo se libertar de seus três lados, sua vida chega a um desfecho lamentável. (Chesterton)
Posso não concordar com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo. (Voltaire).

Recorro as idéias de dois grandes pensadores, o ingles G.K. Chesterton, e o francês François-Marie Arouet (Voltaire), para divagar sobre a maldade endêmica que campeia nesse mundo, mais de perto a grande praga que assola a humanidade, a corrupção, que condena o pobre a mais pobreza, que semeia a fome e as iniquidades.
Caixa dois, mensalão, meias, cuecas, superfaturamento, propina, enrequecimento ilícito, não preciso recorrer a Bertolt Brechet para afirmar que o mundo seria outro sem o flagelo da raça humana, sem o câncer que campeia sem freios entre os humanos, principalmente entre os dirigentes e funcionários pagos para gerenciar os bens públicos.
Dessa forma, embora não concordando plenamente com as palavras de Chesterton mas, usando a máxima de Voltaire, tento compreender, embora sem aceitar, que a natureza das coisas às vezes se aplica a natureza dos homens. Não acreditando que já nascemos pré determinados, mais parece que a natureza da corrupção se agrega ao corrupto e ao corruptor, fazendo com que estes não se libertem jamais desse fardo. Por conseguinte, não adianta simplesmente perdoa-los, ou faze-los pagar pelo mau cometido contra o povo e depois, torná-los novamente gestores da coisa pública.
Estamos constantemente sendo provados que aqueles que participam da faina com dinheiro publico jamais serão novamente honestos e retos. Neste ponto concordamos com Chesterton sobre a natureza das coisas aplicada a natureza dos homens, quem se locupletou com dinheiro público jamais se libertará desse vicio e cabe a justiça e a população afastar para sempre os maus administradores e maus funcionários só assim extirparemos de uma vez por todas a besta do apocalipse, a corrupção.
Luladezéemidio / Divagações

domingo, 15 de novembro de 2009

Poesia de Bertold Brecht



Para você que não se importa com o que está acontecendo à sua volta, para você que está "com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar", para você que não se indigna com a miséria alheia, com a corrupção e com o nepotismo, para você que não está nem aí com a falta de segurança, com o péssimo atendimento nos hospitais públicos, com a péssima qualidade educacional das escolas que seu filho frequenta, aguarde como sempre, quieto, calado, sem reagir, sem protestar. A poesia abaixo é uma lição, sua hora, nossa hora, vai chegar:

Primeiro levaram os negros.
Mas não me importei com isso.
Eu não era negro.
Em seguida levaram alguns operários.
Mas não me importei com isso.
Eu também não era operário.
Depois prenderam os miseráveis.
Mas não me importei com isso.
Porque eu não sou miserável.
Depois agarraram uns desempregados.
Mas como tenho meu emprego, também não me importei.
Agora estão me levando.
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém.
Ninguém se importa comigo.

- Bertold Brecht (1898-1956)

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

DECÊNCIA E CANALHICE PODEM NÃO DEPENDER DE LEIS


O Grito - Edvard Münch.

Publico, abaixo, um texto do Professor Valteno, grande amigo e defensor ferrenho das causas libertárias.

DECÊNCIA E CANALHICE PODEM NÃO DEPENDER DE LEIS
Todos sabemos, o mundo já foi politeísta. Acreditava-se em vários deuses ao mesmo tempo. Tempos (de total ignorância) em que se vivia em pleno miserê e que nada se sabia explicar; por isso, elegia-se um deus até para justificar por que nasce uma planta – deusa da fertilidade.
Há passados 2009 anos do início desta Era, que tem seu marco com o nascimento de Cristo, por isso se denomina Era Cristã, reis e imperadores e toda a gente se dedicavam a uma diversidade de deuses, para os quais doavam carneiros, ouro, oferendas diversas – até filhos primogênitos eram ofertados em sacrifício aos tantos deuses.
Mesmo de antes do alvorecer desta Era chamada Cristã, lá na Antiguidade, já se tinha fixado nas atitudes das comunidades e de nações (Vide Grécia Antiga e Império Romano) a noção de certo e de errado; ou seja, tem-se aí o ontológico conceito de Ética.
Na verdade, e em verdade, as normas que hoje regem e norteiam as relações sociais todas do nosso quotidiano são mesmo derivadas dos costumes. E os costumes, que se espraiam nos hábitos sociais das coletividades, são frutos diretos, lisos e retos do senso ético daquilo que a maioria entende por Certo, bom e correto. Somente depois, tal costume, tal hábito, este ou aquele ato, tidos como éticos, já incorporados à vivência social, são arregimentados pelas instituições, autoridades e, especialmente, pelo Poder Legislativo, para serem transformados em norma jurídica, em lei.
Assim, o que então era sobretudo uma atitude moral, converte-se adiante em descrição legal do como o governante e os governados devem agir. Tem-se, de tão modo, o famigerado binômio moral versus legal. O certo é que, no fundo, não se contrapõem esses valores, eles não se dispõem em face de suposta adversidade, pois que, em Poço Verde e no Brasil, e desde a Roma Antiga, o legal há de ser sempre e ordinariamente derivado do moral (exceto na lendária história de Calígula).
Por exemplo: matar já foi ato normal, quando vigia a Lei de Talião, tempo em que toda a sociedade assimilava como correto que haveria de morrer quem matasse, que devia ser agredido quem agredisse (“Olho por olho, dente por dente”). Isso se deu até que a sociedade construiu outro conceito ético, outra moral sobre o valor vida. Tomando, em parte, essa ética de Talião, Platão estabeleceu, em sua A República, um universo em que devia ser condenado à morte o líder governante que tomasse como particular o bem do povo, da coletividade. Ou que de alguma forma se corrompesse e/ou se desviasse do interesse público. A questão escravocrata também nos traz reflexões reveladoras nesse tocante. No Brasil, até 12 de maio de 1888, era possível e legal escravizar negros famintos, sob o raio de todo tipo de tortura, inclusive o pelourinho; porém, no dia 13/05/1888, vinda a famigerada Lei Áurea, devido às muitas manifestações de clérigos, jornalistas e poetas como Castro Alves, e também a questões políticas ligadas à Corte inglesa, a escravidão negra no Brasil que foi sendo entendida como anti-ética, imoral, tornou-se então ilegal.
A estúpida ditadura militar, que tomou conta do poder no Brasil entre os anos 1964 e 1985, impôs um conjunto de regras, em que até expulsar pessoas do país, torturar e matar eram coisas legais. É patente que tais atos eram imorais, antiéticos, cruéis e desumanos. E vinda a Constituição Federal de 1988, tal imoralidade e tal desumanidade foi descrita também como ilegal.
De tal modo, percebemos que aquilo que afeta os interesses gerais da sociedade e de toda a coletividade constitui-se em atitude/ato imoral, anti-ética, apesar de tida como legalmente possível; podendo logo no outro dia tornar-se ilegal, nem sempre por causa de uma representação judicial, mas às vezes em função de uma passeatas, de uma greve, ou em virtude de qualquer outro levante social, que questione o poder e sua legitimidade em usar a máquina administrativa, para locupletar interesses familiares e/ou de grupos.
O nepotismo (entronar parentes nas funções públicas com gordos salários) já foi moda, e de tão comum e habitual, fazia-se regra; por conseguinte, era comportamento ético, moral e legal dos políticos. Entretanto, a Revolução Francesa que se deu em julho de 1789, já tivera como meta tal tipo de personalismo, de favoritismo, inclusive excomungando aos mil e um infernos a velha concepção e prática da hereditariedade.
Hoje, porém, a Constituição Federal de 05 de outubro de 1988, ao estabelecer para a Administração entre outros os princípios da Impessoalidade e da Moralidade, busca vetar o uso do público para o interesse individual da autoridade; a Resolução nº 07/2005, do Conselho Nacional de Justiça, buscou restringir o favorecimento de parentes com cargos e funções públicos; a Súmula 13, tenta flagrar abusos e deslizes dos administradores, que insistem em aumentar a renda familiar, empregando muitos parentes nas funções dos órgãos públicos. Ou seja, muito se tem feito para tornar ilegal (o nepotismo) a mania que os administradores têm de usar as máquinas administrativas estaduais e municipais, para transferir prestígio, forjar candidatos e, principalmente, para rechear suas contas bancárias. Mas as brechas das leis permitem que os maus políticos celebrem o estúpido divórcio entre o que é moral e o que é legal, insistindo-se no nepotismo desnudo e descarado.
Quando seu amigo fizer isso condene-o; quando seu parente fizer, desaprove; quando você tiver oportunidade, faça-o diferente. Empregar na Administração mulher, cunhadas e cunhados, irmã, sobrinho, periquito, papagaio, cão, gato nunca foi símbolo de decência governativa, ainda mais nesse país com tamanha necessidade de fazer circular a sua receita, para amenizar as agruras das tantas famílias sobremaneira carentes.
Texto do Prof. ZÉ VALTENO

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Benett - Realidade Rabiscada

RAPIDINHAS: PARA NÃO CALAR DE VEZ



Está ficando cada vez mais perigoso sair à noite na cidade. Todo “santo dia” uma casa é “arrombada” e, traficantes vendem drogas até na Praça da Matriz após as missas. A venda de drogas foi testemunhada por vários jovens que saiam da missa das 19:00 horas na sexta-feira 06.11.09.
É certo e de direito que se construa e reforme casas e lojas, porém o poder público está negligenciando seu dever de fiscalizar e o resultado são ruas sujas, entulhos jogados em praças e canteiros, calçadas ocupadas com material de construção. Está mais do que na hora de rever o código de obras do município. O executivo não pode simplesmente fazer vistas grossas a estas ações, o judiciário ficar omisso e os legisladores municipais ficarem alheios as suas atribuições de fiscalizadores e propositores.
Pergunto às pessoas de boa índole se é necessário construir uma praça da juventude, ou seria melhor cuidar das que já existem? Será que a construção de uma nova praça vai por fim ao tráfico de drogas, ao consumo cada vez maior de entorpecentes, a criminalidade crescente, a falta de investimentos na educação e projetos pedagógicos eficazes para termos uma educação de qualidade onde nossos jovens sairiam preparados para conseguir bons empregos.
Que tal uma Secretaria de Orçamento Participativo funcionando verdadeiramente, com um secretário competente, que consultasse a população do município, dos povoados e da cidade onde e quando investir os recursos públicos que chegam no nosso município. E, um painel em praça pública demonstrando quanto entrou de recursos em cada mês e onde e como foi gasto. Me belisca que estou sonhando!!!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Escrever para não morrer... Ou morrer.



Encontro-me numa encruzilhada.
Todos nós, vez por outra, ou todas às vezes, nos deparamos com uma bifurcação. Chamo a isso, muitas vezes, de crise existencial, para alguns frescura pura, para outros, do contra, desejo de poder, e ainda posso dizer que podem chamar de a coragem que nunca tive se conflitando com a covardia que sempre se apossou de mim. Mas, de qualquer forma é uma encruzilhada, e a única opção é escrever para não morrer... Ou morrer.
Escrever sobre o que? Sobre o pequeno universo que me circunda, minha urbe, o pequeno mundo que mal consigo enxergar com a luneta gasta ponto 47. O que vejo, o que muitos vêem, sem a hipocrisia ufanista do político da situação que acha que está tudo bom enquanto cai o último pedaço de muro da insensatez.
Falar de que, se não for da cidade entregue literalmente aos ratos, traças e baratas. Falar das ruas sujas, das praças mau reformadas, rotas e sem graça, dos monumentos recém construídos que servem para emoldurar, ratificar as idéias de um palanque que a muito se acabou, mas que permanece a farsa através da retórica do discurso de que estou fazendo isso, trazendo aquilo, construindo algo que não serve de referencial ético e moral para ninguém.
Mas, é escrever para não morrer... Ou morrer. Escrever sobre a droga que avança sobre crianças, jovens e adultos, a droga letal com nome de craque francês. É mais fácil, muito mais fácil, me esconder atrás destas letras, palavras mortas que no mínimo só vão provocar algum constrangimento, do que fazer um levante, para ser bombástico algo como os sans culote fizeram, em defesa da aplicação dos recursos públicos em programas que recuperem, que dignifiquem, que gere emprego e renda, que crie perspectiva para nossos jovens amaldiçoados pelo crack. Mas, é mais fácil fazer uma praça da juventude, ou seria melhor fazer uma praça da paz celestial, para escamotear as mazelas de uma cidade atrás de canteiros gramados, bancos, anfiteatros e sei lá o que mais.
E, para não dizer que não falei das flores, é escrever para morrer mesmo, porque, mais do que uma crise existencial, do que o desejo incontido de querer “ser o que não pode ser”, ser o que não poder ser, ser o que não é”, é falar por pura teimosia de uma educação pública sem referencial, sem perspectivas, sem norte, sem ideal, sem ideologia que condena ao fracasso milhares de crianças da nossa terra, desde os mais longíquos rincões do município, que não são tão distantes assim, até a sede, com suas escolas municipais decrépitas, sem vida. Falar de que, se não for de uma educação sem educação, que não privilegia suas melhores cabeças, que coloca no ostracismo um mestre em Filosofia, uma Professora nota 10 e toda uma comunidade expulsa “por não querer o que não pode ser, ser o que não é”, por querer não se entregar por trinta moedas, pois na cidade é mais fácil acender uma vela para o diabo do que se colocar contra os abusos da hierarquia do poder familiar.
Não, definitivamente não é uma crise existencial, são os sonhos utópicos parecidos com os de um cavaleiro que olhava para moinhos de vento e enxergava inimigos imaginários. É o afã de um lunático, que luta por um mundinho de poucas centenas de quilômetros quadrados mais justo, digno e igualitário. Mas, como só enxergo moinhos de vento, vejo empreitadas diabólicas escorrendo dinheiro público pelo ralo e indo parar em contas imaginárias. E, nestas minhas ilusões quixotescas, vislumbro uma política napoleônica de apego a familiares de um “alcaide iluminado” que reservou para os seus, seis lugares no Olimpo dos barnabés.
Ver demais e morrer cedo, reservem para mim um epitáfio com as seguintes palavras: escreveu e morreu... Escreveu sobre um circo chamado casa do povo, onde os palhaços não são os que estão no picadeiro, e no centro das atenções, não são os edis, somos nós. Nessa trupe shakespereana “do ser ou não ser eis a questão”, quem representa é o povo que é representado pela angústia de uns poucos que não sabem de que lado estão. Continuando a encenação da trupe câmara-diana aplico a filosofia de Raulzito que é viva e constante, o prefiro ser essa metamorfose ambulante, para sobreviver apenas um instante. Posso cobrar o que não fiz, posso fazer o que não vou cobrar ! Sem falar em outras ilicitudes.
No fim, vai existir um fim sempre enfim, resta o que não resta e desta nem Montesquieu escreveria pois, nesta urbe, como em muitas outras, o espírito das leis não existe, e, é a lei dos espíritos que prevalece, pois é mais fácil ver um camelo passar no buraco de um agulha do que ver um Magistrado pelas ruas da cidade, ou a foto, só uma foto do Promotor atual conhecido do povo, sem falar em empregos de três dias por semana e de finais de semana sem proteção. Oh! Justiça, quanta injustiça.
É, encontro-me numa encruzilhada. Muitos estão numa encruzilhada.
... Morrer! Porque nada resta além de uma fé inquebrantável e absoluta, em que tudo se justifica, desde negar-se a si mesmo até à extenuação, ou morrer oferecido em sacrifício.
Iin: http://www.josesaramago.org/blog/blogpor.php


Texto de luladezéemidio

terça-feira, 3 de novembro de 2009

SOMOS TODOS CEGOS, SURDOS, MUDOS...




Se você deixa de ver a pessoa, vendo apenas a deficiência,
quem é o cego?

Se você deixa de ouvir o grito do seu irmão para a justiça,
quem é o surdo?

Se você não pode comunicar-se com sua irmã e a separa,
quem é o mudo?

Se sua mente não permite que seu coração alcance seu vizinho,
quem é o deficiente mental?

Se você não se levanta para defender os direitos de todos,
quem é o aleijado?
(Autor desconhecido)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Que tal esse livro? + Rapidinhas



"Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova."
Mahatma Gandhi

"O governo da demagogia não passa disso: governo da impunidade" (Rui Barbosa)

"A corrupção dos governantes quase sempre começa com a corrupção dos seus princípios." (Barão de Montesquieu

CAMPANHA -

Colegas blogeiros vamos multiplicar, disseminar na net essa campanha.

Reverência a um Jovem Mestre

Recebi, através de e-mail, o texto de um colega academico,do curso de pós-graduação em Tecnologias em Educação. Não tinha a dimensão da sapiência desse jovem conterrâneo, mestre em filosofia, que, nos dá uma veradeira aula de conhecimento filosófico, ao analisar um fato observando além da dimensão politiqueira e das "arrumações" feitas para preservar cargos, salários, benesses, poder e controle sobre recursos e pessoas. Peço licença ao mestre para tornar pública essa obra prima, não publicada na integra, pois, suprimimos o nome de pessoas, visto que o interesse é somente a análise objetiva e cientifica com foco no debate e na resolução de problemas.

O Discurso na Ordem do Dia


Michel Foucault, filósofo francês, afirmou certa vez “que em toda sociedade a produção do discurso é ao mesmo tempo controlada, selecionada, organizada e redistribuída por certo número de procedimentos que têm a função de conjurar seus poderes e perigos, dominar seu acontecimento aleatório, esquivar sua pesada materialidade”. Portanto, longe de ser transparente ou imparcial, a palavra proferida é interdita, seu real sentido e seu significado são desviados por procedimentos que escondem, obscurecem aquilo que se deve dizer. Afinal de contas, “não se pode falar tudo em qualquer circunstância”. Num contexto um pouco diverso, mas que permite associações, temos o que Marilena Chauí denomina discurso competente. Segundo esta intelectual brasileira, “o discurso competente se instala e se conserva graças a uma regra que poderia ser assim resumida: não é qualquer um que pode dizer qualquer coisa a qualquer outro em qualquer ocasião e em qualquer lugar”. Nesse sentido, para desmontar o discurso competente, para que se opere a crítica, para realizar o contradiscurso, é preciso que entrem outras falas no jogo discursivo. Se quisermos contestar, se quisermos mostrar as contradições do discurso que se pretende reflexo do real, é preciso que desvendemos os mecanismos internos de sua produção. Sem maiores delongas, trata-se de desvelar a dissimulação, de descobrir as inconsistências que radicam sob a aparência de clareza, concretude, objetividade.
Presenciamos, na sessão do dia 20/10/2009, na Câmara de Vereadores do Município de Poço Verde - SE, algo que pode exemplificar a maneira pela qual a palavra dita é selecionada, controlada, organizada, de modo a constituir uma fala coerente e que atende aos determinantes ideológicos e políticos que a contornam. Determinantes de outra ordem que não o compromisso com a verdade. O discurso a que me refiro, apesar de estar calcado em dados concretos, serviu a uma espécie de ideologia que objetiva manter um estado de coisas determinado. Sim, porque como assinala Marilena, “a ideologia, forma específica do imaginário social moderno, é a maneira necessária pela qual os agentes sociais representam para si mesmos o aparecer social, econômico e político, de tal sorte que essa aparência (...) é o ocultamento ou a dissimulação do real”. Mas passemos aos fatos.
Diante de alguns acontecimentos ocorridos recentemente no âmbito da rede municipal de educação, e considerando alguns aspectos que precisariam ser discutidos, a Secretária Municipal de Educação,(...), foi convidada a comparecer à Câmara de Vereadores para esclarecer, relatar, falar sobre a atual conjuntura educacional do Município. Desses acontecimentos, podemos sublinhar: o salário dos professores referente a setembro (do qual foi descontada a percentagem referente à regência de classe), demissões de funcionários, remanejamento de profissionais que atuam na rede municipal educação, fechamento de escolas, etc. Paralelo a isso, temos: redução do número de matrículas, implementação do piso salarial, recursos financeiros insuficientes para saldar os compromissos com a educação municipal (salários atrasados de funcionários contratados, risco de paralisação do serviço de transporte escolar, merenda escolar insuficiente). A Srª Secretária, então, mostrou aos presentes naquela sessão um relato – fundamentado em “dados concretos” – daquilo que a Secretaria de Educação diagnosticou, planejou, executou ou vem executando ao longo de sua gestão (meados de 2008 até o presente momento), como também alguns resultados da gestão anterior.
Comecemos pela apresentação dos dados do censo escolar extraídos do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), os quais nos dão uma amostra do número de alunos matriculados nas escolas municipais a cada ano. Foi destacada a diminuição das matrículas efetuadas desde 2005. Restringiu-se, porém, ao seu caráter informativo, como tudo que e parcial. Seria necessário esclarecer: quais as causas daquela redução? O que a Rede Municipal de Educação tem feito para resolver o problema? Como tem se articulado Gestor Público, Secretaria de Educação, Diretores de Escolas, professores, comunidade? Um diagnóstico parcial, por si só, não leva à compreensão dos mecanismos de ataque da doença, portanto, é preciso ir além, buscar suas causas e, como se diz popularmente, extrair o mal pela raiz. Mas, ao que parece, esses questionamentos não devem ser esclarecidos. Fiquemos apenas com as informações do Inep, as quais, de tão materializadas, estão disponíveis no site da Instituição (www.inep.gov.br) – link “Censo Escolar” e, em seguida, “consulta a matrícula”. Um aspecto importante referente ao censo escolar presente na fala da Ilustríssima Secretária, diz respeito aos resultados obtidos pelas escolas: índices de aprovação, reprovação e evasão. Ora, as maiores taxas de retenção foram verificados nas escolas que dispõem de equipe gestora própria, ao passo que as escolas coordenadas pelo Departamento de Educação da SEMED apresentaram melhores índices. Como dados concretos podem nos impelir às idéias que a eles subjazem (intenções não precisam ser reveladas, mas sigamos adiante), vejamos a idéia: “a Secretaria não é responsável pelas altas taxas de reprovação apresentadas pelas escolas com equipe diretiva própria, mas seus gestores, professores, alunos e pais”. Como se a Secretaria não coordenasse toda a rede municipal de ensino. Assinalemos que, se alguma escola da rede apresenta problemas, cabe, em última – talvez até em primeira – instância, à Secretaria, oferecer condições ou apresentar alternativas para qua os profissionais que nela atuam possam saná-los.
Passemos, então, ao relato das ações executadas pela Secretaria de Educação a partir do final de 2008, conforme o discurso em tela. Dado concreto: 08 escolas foram remanejadas. Mas o que isso significa? Vejamos o não-dito: sem planejamento (há um plano detalhado que mostre a viabilidade das ações relativas à desativação daquelas escolas?), nem discussão (houve reuniões sistemáticas com todos os envolvidos para se definir o quê, como, quando, e qual a necessidade de se fechar algumas escolas? Foram discutidas outras alternativas? Ouviu-se as opiniões da comunidade escolar e local?). As decisões parecem ter sido tomadas de maneira arbitrária e inadequada, isto é, sem considerar questões de infraestrutura e de logística, a partir de não-sei-quais critérios foram desativados prédios escolares, os alunos das localidades onde funcionavam aquelas escolas tiveram que ser transferidos para outras (nem sempre do município, o que implicou na perda de alguns alunos), a demanda por transporte aumentou - elevando-se conseqüentemente o custo com este serviço, além do remanejamento de profissionais (merendeira, professores). Tudo bem, tínhamos salas de aula com 8, 10, 12 alunos, e o Regimento das Escolas Municipais determina um minimum para a relação professor/aluno: acima de 20 alunos/professor. Porém, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB - Lei 9394/96) não especifica o número exato de alunos por professor em sala de aula. Certamente a relação entre número de alunos e professor por sala não é um mero resultado de uma razão matemática, mas é preciso ser visto como um dos principais determinantes da qualidade da educação. Mas talvez isso pouco importe, talvez a qualidade não seja interessante, pois vale mais os dados concretos.
Nessa mesma esteira, gostaria de evocar a questão do Projovem: programa de Educação de Jovens e Adultos que oferece bolsas aos alunos como atrativo. Os alunos que poderiam ser matriculados nas escolas da Rede, na modalidade EJA, migraram para o Projovem; programa este que tem o aval, a parceria da Secretaria Municipal de Educação. Nossa situação não é tão confortável assim para disponibilizar uma significativa quantidade de alunos a um Programa que parece não ser tão efetivo.
A Secretária relatou algumas ações, como: formação de professores (Educação Inclusiva, Escola Ativa, Mídias em Educação, Plataforma Freire, Universidade Aberta, etc.). Muitos deles, é preciso notar, já tinham sido planejados desde 2007. O Plano de Ações Articuladas (PAA), elaborado no final de 2007, e que vigora até 2011, foi retirado da gaveta em função do monitoramento que o Ministério da Educação está implementando. No entanto, desde o início de 2008, falou-se da necessidade de rever as ações constantes naquele Plano, as quais poderiam fomentar um Plano Municipal de Educação: um Projeto mais simples, porém, consistente, que articulasse e integrasse elementos que fossem próprios da Rede Municipal, considerando as nossas reais condições, os nossos limites e possibilidades. No entanto, ignorou-se o que fora sugerido. Hoje, o PAA é instrumento eficaz; ele foi selecionado e bem utilizado para os fins a que se propunha o discurso da Srª Secretária de Educação.
Ainda em relação aos programas, cumpre assinalar a pouca efetividade deles: como foi realizada, por quem, e como atuam, hoje, os professores que participaram da capacitação sobre educação inclusiva? Que resultados práticos obtivemos com as palestras proferidas pelos ilustres conferencistas? E a Escola Ativa, cuja metodologia muitos professores se recusaram a adotar? A própria Secretária, não poucas vezes, dirigiu duras críticas à Escola Ativa! Por que será que, hoje, ela a tolera? Ouso dizer: “porque é uma ação do PAA”, e é necessário que cumpramos os compromissos firmados com o Ministério da Educação. Concernente ao Programa FomAção pela Escola, ele sofreu interrupção; não está sendo desenvolvido como fora planejado pela Coordenação Estadual e pela Tutoria Municipal do programa. Quanto ao Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), apenas 01 Conselho Escolar foi criado em 2009: o da Escola Infantil Morada do Saber – Povoado São José, e não 03, como relatou a referida senhora. Alguns outros conselhos foram regularizados, uma vez que seria preciso eleger representantes para uma nova composição. E o que falar do Pró-formação? Alta taxa de evasão! O Profuncionário também apresenta problemas; aqui, tem-se o seguinte: não poucas vezes, os alunos do Profuncionário, que têm aulas presenciais em Lagarto quinzenalmente, deixaram de ir ao curso por falta de transporte (dado concreto: a secretária municipal não se comunica com o secretário de transportes). Alguns cursistas já desistiram.
Muito do que se tem feito é para cumprir aquilo que fora planejado há dois anos. Melhor dizendo, o que se tem realizado de produtivo é resultante daquilo que semeara o Ex-secretário (...). Mas vamos adiante.
Os kits para Laboratório de Informática e Sala de Multimeios chegaram, mas corre-se o risco de os mesmos retornarem para o Ministério da Educação, pois as Escolas Municipais (em sua maioria abandonadas, no sentido de não haver um plano de reestruturação e ampliação dos prédios), não possuem espaço adequado para a instalação dos referidos kits. E espaço adequado é condição necessária para sua instalação. Não foi mencionado, no discurso competente da Srª Secretária, o esforço dos diretores em buscar realizar as adequações necessárias. Pior, a responsabilidade foi transferida, além da escola, para a Secretaria de Obras (eles que resolvam, pois a SEMED “trata de questões pedagógicas e administrativas”). Quer dizer, trata mal essas questões, uma vez que o acompanhamento às escolas da rede é ineficiente e ineficaz. Não dispomos de mecanismos de avaliação dos processos e dos resultados. Temos, sim, registro de ocorrências, coleta de dados: fiscaliza-se, não se acompanha. Não se discute, determina-se (lembremos, aqui, dos atos normativos). Porém, questões são questões, e é preciso nos determos nos dados... concretos. Esquece-se a ilustre funcionária pública que, como “tudo que é sólido desmancha no ar”, o seu relato também pode ser dissolvido, contestado. Ele apenas apresenta uma aparente realidade, uma forma cujo conteúdo é bem mais complexo e dinâmico.
Por exemplo: é estranho que uma Secretaria de Educação não esteja pelo menos a par das questões financeiras que lhe dizem respeito. É lá que recolhemos nossos contra-cheques, é lá que as notas de compras da educação são testadas (Merenda Escolar, Transporte Escolar, materiais didático-pedagógicos, enfim), lá existem pessoas que prestam serviços, que exercem funções e são remuneradas por isso, promove capacitações, realiza visitas às escolas, os coordenadores viajam a Aracaju, e tudo isso implica e custos; a Secretaria recebe das escolas demandas atinentes a vários aspectos de ordem logística (gás, serviço de xerox, serviço de pequenos reparos na infraestrutura, etc). Portanto, como não saber de questões financeiras? Será que as notas são assinadas sem sua devida apreciação?
Mas o relato que ora é objeto de contestação foi bem organizado e dirigido, as informações selecionadas com critério, a fim de retratar uma situação que não se conforma com a realidade, pois a realidade é outra. O que nos foi apresentado representa tão só o resultado de ações necessárias, segue determinações que precisam ser cumpridas. Isto é, é preciso informar dados ao Inep, acompanhar a frequencia escolar, implementar a formação continuada dos profissionais da educação, cadastrar os conselhos escolares no PDDE; em suma, é preciso cumprir com os compromissos junto ao fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC), sob o risco de ter os convênios cancelados e os recursos suspensos. Além disso, pouco se realizou de construtivo. Projeto de educação para o Município de Poço Verde?! Para quê? Nossa atual Secretária é funcionária efetiva do Estado, e parece pouco preocupada com o que se constrói ou se destrói na educação pública municipal. A reestruturação e a recondução da rede municipal de ensino devem partir daqueles que a integram: professores, gestores, pais de alunos, funcionários, alunos das escolas municipais. Precisamos de ações concretas, de comprometimento, de lisura e transparência com a coisa pública. A burocratização só inutiliza a funcionalidade das ações, seus fins objetivos. É urgente e necessário oferecermos um ensino de qualidade aos nossos alunos, ao mesmo tempo em que cumpre atrair mais alunos para as escolas do município. Para tanto, cumpre criar condições adequadas de trabalho, dotando as escolas de infra-estrutura e equipamentos eficientes e eficazes para a realização de um trabalho efetivo. Porém, não foi mencionado nada referente a esse aspecto, apesar de o relato em questão ter pretendido mostrar a situação da educação em Poço Verde.
Por ora, fiquemos por aqui. Ainda há muito o que se discutir, se falar, mas “nem todas as regiões do discurso são abertas e penetráveis”. Então, aguardemos novas fissuras.

I.R.C.

sábado, 24 de outubro de 2009

DÈJÁ VU




Sabe aquela estranha sensação de já ter vivido uma situação, um momento ou uma época, isso se chama déjà vu, um termo de origem francesa que emoldura as nossas divagações sobre um momento, uma cena, um tempo que parece que já vi, que já vivenciei, que já sofri.
Andando pelas ruas da cidade observamos um povo cabisbaixo, uma juventude sem perspectivas, ruas cinzas. Não existe idéias novas, sonhos ou utopias para se viver, só uma leve sensação de “já ter visto esse filme antes”.
Na realidade, o que prevalece, segundo os burburinhos são as máfias e, é tão perigoso que ninguém ousa levantar a voz. O medo estarrecedor cala os eruditos, emudece os aflitos, ensurdece os benditos e assoberba os malditos. Mas, a sensação de uma figurinha repetida povoa nossas mentes.
A urbe, hoje, é uma “matrix” aos avessos, e não adianta esperar um salvador, pois, segundo as “maledicências”, fazer parte de uma máfia é que é o “must”. Temos para escolher, a do feijão, a da casa própria, a da carne, das compras superfaturadas, dos transportes de alunos, entre outras. Estamos mais parecidos com a Itália, ou com a Rússia, do que com um paraíso bucólico, tórrido e interiorano. Mas, aquela teimosa sensação de “cosanostra”, de cena de cinema repetida à exaustão, continua. Ah! Lembrei do “Poderoso Chefão”... De novo uma intuição permanente de DÈJÁ VU.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Divagações Sobre Política - Parte 1





“Atirar no próprio Pé”, como tantas frases esdrúxulas, essa é mais uma do meio politiqueiro. Busquei o significado, penei para compreender, e tive que apelar para o “con-texto” para entender.
Decerto, desde que o mundo se fez mundo para os humanos que a política, e a politicagem existem. Das cavernas, onde se lutava pelo melhor pedaço de carne, até a caricatura de democracia que se vive hoje, a arte de se fazer política, e a arte de se fazer politicagem, re-inventada pelos antigos gregos, impregna com suas nuances as atividades humanas. Que o diga o poeta e dramaturgo Bertolt Brechet que, em o Analfabeto Político, caracterizou com intensa maestria a importância da política para os humanos.
Porém, indago sempre se existe diferença entre política, a arte da argumentação, e politicagem, a arte da malandragem. É nesse contexto de malandragem que se inserem as frases de efeito e os jargões de defeito, tipo: “Em política eu só não vi boi voar”, “é dando que se recebe”, entre tantos outros que emoldura, com bastante efeito, a arte da safadeza (Ah! Está ai um termo bastante utilizado no meio), e da picaretagem. Mas, o que realmente nos interessa é a frase, do mesmo naipe, “atirar no próprio pé”.
Bem, convenhamos que “atirar no próprio pé” não é nada bom, óbvio, para quem comete essa loucura no sentido literal. Mas, no sentido da malandragem politiqueira, é usada, a frase, para designar alguma pessoa que cometeu uma loucura política, um desatino, que certamente vai prejudicar alguém, e, é vaticinada não por aquele que “se atirou”, se é que existe isso, mas por um individuo que se julga dono do “pedaço”, das mentes e das pessoas que estão no tabuleiro da politicagem, e não aceita nenhum tipo de contestação “a sua autoridade”.
No entanto, na arte da política, essa frase não existe, pois argumentação, a ação de contestar, protestar, reivindicar, debater, é própria daqueles que fazem política respeitando seus pares, respeitando acima de tudo a sua consciência.
Portanto, como tudo tem seu avesso, o antônimo de “atirar no próprio pé” é “atirar na cara do povo”, que no campo da politicagem é um ato usado constantemente pelos “donos do poder”.

Texto deluladezéemidio

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Marina Silva - Biografia de uma Mulher de Coragem




Uma biografia digna de cinema

SÃO PAULO (Do G1) - A ex-ministra e senadora Marina Silva tem uma biografia que poderia ter sido imaginada por um roteirista de cinema, com passagens que incluem o serviço doméstico, o corte de seringa e o comando de um ministério.

Marina nasceu em 1958 no Acre, em uma colocação de seringa chamada Breu Velho, no Seringal Bagaço, a 70 quilômetros de Rio Branco, segunda mais velha de uma família de oito filhos. Para ajudar a pagar uma dívida contraída pelo pai, Marina e as irmãs cortaram seringa, plantaram, caçaram, e pescaram.

Sem escola, aos 14 anos de idade, aprendeu a ver as horas no relógio e a fazer as quatro operações básicas da matemática. Estudou no Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização), fez o curso de Educação Integrada, onde aprendeu a ler e a escrever, fez supletivo de 1º grau e de 2º grau.

Na juventude, sonhava em ser freira até começar a frequentar reuniões das Comunidades Eclesiais de Base e aproximar-se de grupos de teatro amador. Foi aí que Marina ingressou na vida política, ainda não-partidária, dos movimentos sociais.

Perdeu a mãe aos 15 anos e teve de assumir a chefia da casa e a criação dos irmãos, já que a mais velha já tinha casado. Aos 16, teve uma hepatite que a levou a conhecer a vida urbana – Marina saiu da região de seringal onde vivia e passou a viver na cidade, onde trabalhou como empregada doméstica.

Universidade

Aos 20 anos, teve uma nova hepatite que a levou a São Paulo em busca do tratamento. Ao retornar, ingressou na universidade, onde descobriu o marxismo, e cursou história. Neste período, durante a ditadura militar, passou a atuar em grupos políticos semi-clandestinos.

Na década de 1990, quando era deputada estadual, Marina passou mal em uma viagem ao interior do Acre. Ela teve de ser trazida rapidamente para a capital e ficou internada em um hospital com estado de saúde grave. Depois de meses de exames no Brasil e no exterior, descobriu tratar-se de uma contaminação por metais pesados, decorrente, provavelmente, de tratamentos contra a leishmaniose, quando ainda vivia no seringal. A doença causou problemas neurológicos e atingiu vários órgãos. Após tratamento, a ministra diz ter 80% das capacidades físicas, mas ainda vive sob rígido regime alimentar.

Marina casou-se duas vezes e é mãe de quatro filhos – Shalom, Danillo, Moara e Mayara.

Vida política

A vida política de Marina Silva começou em 1984, quando fundou a CUT no Acre, junto a Chico Mendes. Ele foi coordenador, ela, vice. Participou das Comunidades Eclesiais de Base, de movimentos de bairro e do movimento dos seringueiros.

Marina filiou-se ao PT em 1985, e, em 1986, candidatou-se a deputada federal. Em 1988, foi eleita vereadora. Em 1990, deputada estadual, com a maior votação do Estado. Em fevereiro de 1995, iniciou seu primeiro mandato de senadora, aos 36 anos, pelo PT, como representante do Acre. Em 2002 foi reeleita.

Em 2003, Marina assumiu o cargo de ministra do Meio Ambiente na primeira gestão do governo Lula. Ela foi convidada para continuar na equipe do segundo mandato, onde ficou até 2008.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Comentário sobre o artigo "Onde é mesmo que fica o Brasil?"



Peço licença aos Senhores Flávio Aguiar e Jorge Nogueira Rebolla para publicar o comentário do ultimo sobre texto do primeiro. O comentário reflete a insatisfação de muitos brasileiros com o antes e o durante. Tomei a liberdade de elaborar um título para divagação de outrem nos seguintes termos:

Onde é mesmo que fica o Brasil?
Flávio Aguiar

COMENTÁRIO
O INFERNO SOMOS NÓS
Hoje vou escrever pela terceira vez a mesma coisa em comentários: enquanto a safadeza do opositor for a principal defesa do meu aliado sem-vergonha não chegaremos a lugar nenhum. Isto serve tanto para os lulistas quanto para os tucanos. O Brasil é um dos poucos países do mundo e o único entre os de grande extensão a dispor de todos os meios necessários ao desenvolvimento auto suficiente. Falta apenas valorizar o povo. O que entendo por esta valorização é o Estado garantir que as habilidades dos brasileiros tenham a oportunidade de se desenvolver. Como? Investir no que deveriam ser as prioridades básicas de qualquer governo. Educação, saúde, saneamento, habitação, transporte e segurança. Porém os nossos políticos preferem muito mais beneficiar os seus aliados, seja com a nomeação de milhares deles para cargos em comissão ou o favorecimento dos financiadores das campanhas eleitorais dentre outras mazelas, a rever onde deverão alocar os recursos públicos. Olhando os países com o mesmo nível de renda per capita que o nosso não encontramos nenhum com carga tributária semelhante, no entanto, ficamos atrás da grande maioria deles em saúde pública, educação ou qualquer outro quesito social. Onde está a falha? O Estado no Brasil virou um fim em si mesmo, primeiro atende-se as requisições de quem está incrustado nele e se ou quando sobrar destina-se aos demais. Nas últimas décadas conseguimos melhorar alguns indicadores, mas permanecemos muito aquém do necessário. Sobre a dicotomia inferno/paraíso, após estes mais de quinhentos anos, os nossos políticos e seus apoiadores, incluindo os que dão a sustentação intelectual aos seus campos, deveriam concluir que O INFERNO SOMOS NÓS, e não generalizar incluindo o povo nas legiões das quais fazem parte.
Jorge Nogueira Rebolla
In: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16113

sexta-feira, 10 de julho de 2009

O ANALFABETO POLÍTICO



Tempos dificeis, em que reacionários tentam resgatar antigas ideologias politico administrativas com pitadas de fascismo. Para os que se escondem no anonimato ou em pseudonimos para achicalhar aqueles que não temem, publico essa poesia do dramaturgo alemão Bertold Brecht(1898/1956)e que cai como uma luva(uma não, duas!)na nossa sociedade anacrônica e lacaia dos poderosos.

O analfabeto político
Bertold Brecht

O pior analfabeto é o analfabeto político.

Ele não ouve, não fala, nem participa dos

acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo de vida, o preço

do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel,

do sapato e do remédio

dependem de decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que

se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.

Não sabe o imbecil que, da sua ignorância nasce a prostituta,

o menor abandonado, o assaltante e o pior dos bandidos

que é o político vigarista, pilantra,

o corrupto e o lacaio dos exploradores do povo.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

UMA SENSAÇÃO DE IMPUNIDADE, NEGLIGÊNCIA E OMISSÃO



Os fatos ocorridos no último final de semana na nossa cidade nos dão a nítida dimensão do tamanho da impunidade, negligencia e omissão dos poderes constituídos e da sociedade. Um garoto brutalmente assassinado num lugar público ermo, e o silencio sepulcral que cobriu a cidade como um manto de terror que provocou uma pseudo amnésia coletiva.
A terrível face da selvageria foi vista por todos ao amanhecer do sábado, 03 de julho e, no mercado, nas ruas e casas da nossa city, os comentários aterradores sobre mais uma vitima da violência, abatida com requintes de crueldade, ceifada a golpes de porrete e tiros. Uma criança foi trucidada num crime hediondo, sem precedentes na nossa curta história. Parecia que estávamos ouvindo noticiários do Rio de janeiro ou São Paulo e, depois... O silencio...
Na verdade, estamos em silencio há muito tempo, enquanto as drogas, o álcool, prostituição e criminalidade de toda sorte campeam nas ruas, vielas, becos e lugares despovoados da outrora pacata Poço Verde. É assombroso o número de adolescentes consumindo álcool, às claras, nos bares da cidade, fala-se muito no avanço do “crack”, uma droga letal que mata a curto prazo.
O mais aterrador é que a presença do Estado, através da Secretaria de Segurança Pública, diminui, enquanto a criminalidade de toda sorte aumentou no município. Temos noticia de que o numero de policiais no município diminuiu e dificilmente se vê ações preventivas do judiciário e da policia. Existem lugares desabitados, mal iluminados e desprovidos de vigilância, que são públicos, que servem de ponto de tráfico, consumo de drogas, prostituição e violência que carecem de uma ação do poder público municipal, como no caso o módulo esportivo entre outros lugares.
Mais, mais aterrador ainda é que, desta vez, foi vitimada, de forma brutal, uma criança que não tinha nenhum antecedente criminal nem envolvimento com qualquer tipo de violência ou conduta imprópria.
Assim, esperamos uma resposta urgente dos poderes constituídos. Do Estado, através da Secretaria de Segurança Pública, o aumento do efetivo da PM, e da policial local a prisão dos criminosos, ou criminoso, e a elucidação do crime, respondendo a sociedade que, embora calada, clama silenciosamente por justiça; do Poder Judiciário a punição exemplar; Do executivo municipal uma ação nos lugares ermos, em especial no modulo esportivo, ou reconstruindo, dotando de iluminação e vigilância, ou derrubando, de vez, aqueles muros horríveis; Do legislativo municipal, esperamos projetos que visem proteger nossas crianças e adolescentes e, da sociedade, que acordem do torpor e cobre, reivindique, independente da cor partidária, ações que tornem o município mais seguro e que tenhamos uma educação e saúde de qualidade para todos.
Ademais, percebe-se uma sensação de impunidade, negligencia e omissão. Hoje, 06.06, as 17.30 horas, passei próximo ao módulo esportivo, local da barbárie, e estava em pleno funcionamento, pessoas praticando futebol como se nada tivesse acontecido naquele fatídico local. Pergunto-me se estamos nos acostumando com a violência, com a barbárie. Os muros decrépitos, caindo, são o testemunho da maldade cometida, são os testemunhos, hoje, da nossa omissão, do esquecimento proposital da sociedade poçoverdense. No mínimo esperava que o poder executivo, através da secretaria de esportes e obras interditasse, por tempo indeterminado, aquele local. Que, a sociedade fizesse um levante pacifico e acabasse de derrubar aqueles muros que tentam esconder a vergonha da vilania cometida contra uma criança.

terça-feira, 30 de junho de 2009

POESIA DE RUI BARBOSA



Nesses tempos de corrupção terceirizada, de escândalos que não são tratados mais como novidade, publico uma poesia, que recebi de um amigo, do grande político e jurisconsulto Rui Barbosa (1849/1923). Apesar de escrita a décadas essa poseia retrata o atual estado da política no Brasil.

SINTO VERGONHA DE MIM

Sinto vergonha de mim…
por ter sido educador de parte desse povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.
Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o “eu” feliz a qualquer custo,
buscando a tal “felicidade”
em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo.
Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos “floreios” para justificar
atos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga posição
de sempre “contestar”,
voltar atrás
e mudar o futuro.
Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer…
Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.
Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
povo brasileiro !
***
” De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto “.

(Rui Barbosa)

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Democracia de papel, cidadão de papel e plástico



Eleições passam, governos se estabelecem, partidos caem, outros assumem o poder e tudo continua do mesmo jeito. Aqui, acolá,, em qualquer canto desse imenso Brasil, as mudanças nas formas de administrar os bens públicos sofrem mudanças insignificantes, e as velhas/novas formas de poder e mando resistem, por mais que promessas sejam feitas nas eternas campanhas políticas.
Não é preciso ser um “expert” em história para se entender que a velha democracia idealizada pelos antigos gregos, sofre mutações cíclicas, desde aquela idealizada só para os chamados cidadãos até a nossa elaborada por “representantes do povo” e registrada em papel para ser seguida por todos, mais que está a serviço apenas de alguns. E assim temos constituição federal e estadual, lei orgânica, códigos e mais códigos escritos em papel para cidadãos de papel e plástico.
Por conseguinte, basta observar as transgressões constantes e cotidianas perpetradas pelos dirigentes que, no papel é passível de punição, mas que se tornaram tão rotineiras que é visto como se fosse lícito e normal. É carro púbico, ou locado, pago com dinheiro público, rodando nos finais de semana, visto em festas, utilizado para passeios, é o público se confundindo com o privado, ninguém sabe o que é propriedade particular ou propriedade pública, combustível pago com recurso público colocado em carros particulares à luz do dia, máquinas públicas utilizadas em propriedades particulares entre outras ações consideradas normais, pois de tão rotineiras se tornaram “lícitas”, aos olhos do poder e do povo.
Denuncias veladas existem aos montes, se fala em todas as esquinas desse imenso burgo que é o país, nas mesas de bares, nas alcovas, nas rodas de amigos e inimigos se fala tanto em propina cobrada para se liberar um pagamento, quanto em grandes somas pagas na execução de grandes e pequenas obras, como também em superfaturamento, aquisição de produtos escolares de péssima qualidade por preços elevados, funcionários fantasmas, os chamados marajás entre tantas formas ilícitas e transgressoras da nossa democracia de papel.
Não é novidade, nesse país que emprega empregadas domésticas como assessoras parlamentares ou secretárias só para receber proventos provenientes do erário publico, que privilegia os amigos de todos os reis como disse com pouca “moral”, mas com propriedade, um certo parlamentar, que todos os papéis, onde estão escritos os nossos direitos e deveres, são rasgados diuturnamente, jogados no lixo, principalmente quando são para beneficiar aqueles que exercem o poder ou aqueles poderosos por força do dinheiro.
Por isso, uma carteira de identidade, um CPF, o cartão de aposentadoria entre outros números que nos identificam, não nos transformam em cidadãos plenos de direitos, mas em cidadãos de papel e plástico, pois não somos e nunca seremos iguais em deveres e direitos enquanto essa democracia não sair verdadeiramente do papel e ganhar as ruas desse país.
Enquanto isso, no Senado Federal:
Quentinhas fornecidas por restaurante chique pagas com verba indenizatória;
Filhos, noras, cunhados, netos, primos de presidente são nomeados através de atos secretos;
Auxiliomoradia é pago a parlamentares que tem residência em Brasilia;
Ligações residenciais são pagas pelo Senado(208 mil reais);
ATOS SECRETOS ATOS SECRETOS ATOS SECRETOS ATOS SECRETOS ATOS SECRETOS ATOS SECRETOS ATOS SECRETOS ATOS SECRETOS ATOS SECRETOS
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segunda-feira, 22 de junho de 2009

SENTENÇA DE UM JUIZ




Recebi, atraves de e-mail, a sentença de um Juiz que, parece engraçada, mas na verdade, a coragem do magistrado e sua consciencia transparecem. Ah! o e-mail foi enviado por Nana Lisboa e, peço licença para compartilhar com os leitores do blog.

Esta aconteceu em Minas Gerais (Carmo da Cachoeira).
O juiz Ronaldo Tovani, 31 anos, substituto da comarca de Varginha, ex-promotor de justiça, concedeu liberdade provisória a um sujeito preso em flagrante por ter furtado duas galinhas e ter perguntado ao delegado: “Desde quando furto é crime neste Brasil de bandidos?”
O magistrado lavrou então sua sentença em versos:


No dia cinco de outubro
Do ano ainda fluente
Em Carmo da Cachoeira
Terra de boa gente
Ocorreu um fato inédito
Que me deixou descontente.

O jovem Alceu da Costa
Conhecido por “Rolinha”
Aproveitando a madrugada
Resolveu sair da linha
Subtraindo de outrem
Duas saborosas galinhas.

Apanhando um saco plástico
Que ali mesmo encontrou
O agente muito esperto
Escondeu o que furtou
Deixando o local do crime
Da maneira como entrou.

O senhor Gabriel Osório
Homem de muito tato
Notando que havia sido
A vítima do grave ato
Procurou a autoridade
Para relatar-lhe o fato.

Ante a notícia do crime
A polícia diligente
Tomou as dores de Osório
E formou seu contingente
Um cabo e dois soldados
E quem sabe até um tenente.

Assim é que o aparato
Da Polícia Militar
Atendendo a ordem expressa
Do Delegado titular
Não pensou em outra coisa
Senão em capturar.

E depois de algum trabalho
O larápio foi encontrado
Num bar foi capturado
Não esboçou reação
Sendo conduzido então
À frente do Delegado.

Perguntado pelo furto
Que havia cometido
Respondeu Alceu da Costa
Bastante extrovertido
Desde quando furto é crime
Neste Brasil de bandidos?

Ante tão forte argumento
Calou-se o delegado
Mas por dever do seu cargo
O flagrante foi lavrado
Recolhendo à cadeia
Aquele pobre coitado.

E hoje passado um mês
De ocorrida a prisão
Chega-me às mãos o inquérito
Que me parte o coração
Solto ou deixo preso
Esse mísero ladrão?

Soltá-lo é decisão
Que a nossa lei refuta
Pois todos sabem que a lei
É prá pobre, preto e puta…
Por isso peço a Deus
Que norteie minha conduta.

É muito justa a lição
Do pai destas Alterosas.
Não deve ficar na prisão
Quem furtou duas penosas,
Se lá também não estão presos
Pessoas bem mais charmosas.

Afinal não é tão grave
Aquilo que Alceu fez
Pois nunca foi do governo
Nem seqüestrou o Martinez
E muito menos do gás
Participou alguma vez.

Desta forma é que concedo
A esse homem da simplória
Com base no CPP
Liberdade provisória
Para que volte para casa
E passe a viver na glória.

Se virar homem honesto
E sair dessa sua trilha
Permaneça em Cachoeira
Ao lado de sua família
Devendo, se ao contrário,
Mudar-se para Brasília!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Das injustiças cometidas no cotidiano e das crises existenciais


Por mais que não queiramos enxergar a realidade ou vendar os olhos para as verdades que teimam em aflorar cotidianamente, somos perseguidos por “almas vivas” que nos atormentam em pesadelos de consciência, somos violentados diuturnamente por injustiças cometidas no afã do beneficio unilateral perpetradas por nossos timoneiros ou seus diligentes seguidores. Nesse caminhar “trôpego”, nesse torpor embaraçoso, a voz, embargada, violada pelas circunstâncias, teima em falar em nome dos esquecidos, dos maltratados e dos jogados na sarjeta pelo poder público.
As pequenas oportunidades de se fazer justiça com os mais pobres, com os desprovidos, ou pouco providos de recursos para o seu sustento, se apresentam a todo instante para nós que gerenciamos órgãos públicos. No entanto, as grandes oportunidades de, como se diz no jargão popular, “provocar mudanças significativas com apenas uma canetada”, são reservadas aos executores e legisladores da coisa pública. Por conseguinte, nessa vida política metamorfosica e de via dupla, os semideuses são aqueles que detêm a última palavra sobre distribuição de recursos, empregos e favores que muitas vezes interferem na sobrevivência de famílias inteiras.
Um episódio recente, nas plagas pocoverdianas, emoldura esse arremedo redatorial com pretensões filosóficas e almeja corroborar as palavras iniciais. Como cidadão nascido, criado, habitando e vivendo o dia a dia do burgo, declaradamente apaixonado pela feira semanal, na qual religiosamente, aos sábados, acordando no cantar dos galos e chilrear dos pardais que infestam nossos telhados, vivenciei a “mega-mudança” da feira para um novo e moderno mercado hortifrutigrangeiro com pretensões metropolitanas, mas, que, guardando as devidas proporções, esteticamente é uma beleza de freqüentar. Pois bem, sem mais delongas, no primeiro dia de funcionamento do nosso “CECAF”, como fazia a 20 anos no antigo local, lá estava eu, “cedinho, cedinho”, para cumprir a minha “via-crucis” de homem casado que, numa obrigação prazeirosa, tirando de lado a falta dos “vinténs” no final do mês, perambula entre as barracas de carne, frutas, verduras, requeijão, temperos etc. Primeiro, como é de costume, as carnes, e, eis que ao procurar o machante que compro carne de porco à 15 anos não o encontro. “Zanzei”, “zanzei”, por entre as bancas novíssimas, escutando o zumbindo das novas serras elétricas, vendo de forma orgulhosa as balanças digitais, me perdendo no emaranhado de frequeses que mais admiravam do que compravam e, nada de “Dito”, nada do “cortador” de carne de porco. Continuando o périplo, pergunto a um e a outro, alguns me fazem a mesma pergunta, mais ficamos todos com a mesma resposta, nada de “Dito”. Não me dei por vencido, procurei fazer uma investigação criteriosa para saber porque alguém que a 15 anos se utiliza da sua profissão para tirar o sustento de sua família, tinha, de repente, parado de exerce-la.
Pasmei ao ouvir uma série de denuncias, indagações e reclamações de alguns feirantes, advindas da forma, pouco ortodoxa e justa de distribuição dos locais, das bancas, preços, aluguéis etc. Mas, pensei, “se Cristo não agradou, nem agrada a todos, quiçá os mortais”. No entanto, naquele momento, e nos momentos vindouros, confesso que a maior preocupação era com o que estava acontecendo com o “cortador oficial de porco”. Apurei alguns fatos estarrecedores que “carecem” de uma investigação mais profunda. Pois bem, segundo alguns “machantes” e gente do meio, Dito não tinha conseguido uma banca, só quiseram dar-lhe a metade de uma para que este pagasse a metade do imposto pago pelo uso do bem público. Outros afirmavam, categoricamente que, as bancas de carne foram distribuídas de forma injusta, sendo que apenas algumas pessoas controlam a maioria das bancas e outros, que receberam o beneficio prontamente alugaram, sublocaram o bem público e agem como verdadeiros proprietários. Ou seja, “tudo continua como dantes no castelo de Abrantes”, o mercado de carnes de Poço Verde continua sendo controlado por pessoas que a muito tempo monopolizam o processo de compra, venda, abate e corte de bovinos na nossa terrinha.
Após cinco ou seis semanas da tão sonhada mudança, transferimos as mazelas teóricas e nos escondemos nas belezas de um novo e moderno edifício, mas perdemos uma oportunidade de fazer justiça com aqueles que realmente necessitam da mediação da administração pública. Assim, torno a encontrar o “cortador de porco” nas ruas da cidade e este me diz: - Na próxima feira vou esta cortando porco e metade de uma novilha, espero você e outros fregueses para mim ajudarem, pois aluguei uma banca no novo mercado. Pergunto, como? E este me responde: Aluguei uma banca por 35 reais e vou pagar mais 40 reais pelo uso aos gestores. ... Lágrimas de indignação marejaram meus olhos, ânsias de pura emoção provocaram um rebuliço interior diante da constatação inequívoca de mais uma injustiça cometida... Estão sublocando o novo mercado e, pessoas do povo, que a anos exercem sua profissão com dignidade, foram alijados do processo de distribuição de espaços.
A indignação, o torpor, o sentimento de impotência, a percepção de um mundo cruel e injusto vislumbrado nas práxis mínimas, e o desgosto se avolumando na medida em que se percebe que todos sabem, todos vivem e respiram um aroma de conciliação pernóstica enquanto nos calamos e nos tornamos iguais, cúmplices dessas injustiças porque, de certa forma, sabemos e aceitamos o que acontece. Juizes, executores, legisladores e gestores formam uma casta de beneficiados e nós, que gravitamos em torno desse sistema, como uma categoria intermediária, entre os poderes e o povo, somos amordaçados, controlados, e seremos amaldiçoados eternamente por não vivermos o momento presente, por contermos sentimentos de busca por justiça social, por negligenciarmos e escamotearmos a verdade em nome de um falso sentimento de segurança para os considerados “nossos”.
Invoco, concluindo com profundo lamento, as palavras finais da carta de Pero Vaz de Caminha, a El Rei D.. Manuel, primeira de uma nação invadida e prestes a se construir, que referenciou a prática de se fazer política em “terras brasilis”:
...E pois que, Senhor, é certo que tanto neste cargo que levo como em outra qualquer coisa que de Vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro -- o que d'Ela receberei em muita mercê.
Beijo as mãos de Vossa Alteza.
Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.
Pero Vaz de Caminha
In: http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/carta.html

Edição de base:
Carta a El Rei D. Manuel, Dominus, São Paulo, 1963.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

BOA NOVA - ALUNO DO C.E.PROF. JOÃO DE OLIVEIRA CLASSIFICA MÚSICA NO FESTIVAL TONS E SONS DE SERGIPE



Postado originalmente no http://cejoliveira.wordpress.com/.

O aluno Jairo de Souza Oliveira do 1º ano “B” do Colégio Estadual Prof. João de Oliveira classificou a música, de sua autoria, “Procurando a Felicidade” no Festival de Música da TV. Atalaia “Tons e Sons de Sergipe”, categoria Estudantil. Jairo “Poeta” está participando do
1º Atalaia Festival, tons e sons de Sergipe, que é uma promoção do Sistema Atalaia de Comunicações, através da TV Atalaia/Record.

O 1º Atalaia Festival, tons e sons de Sergipe é um festival de composições inéditas, voltado a todos os gêneros e estilos musicais e tem como objetivos:

a)Valorizar a produção musical do estado, através do incentivo à participação e criação de artistas residentes em Sergipe.
b)Proporcionar a descoberta de novos talentos.
c)Promover a integração entre artistas profissionais e semi-profissionais, que competirão em igualdade de condições.

O 1º Atalaia Festival, Tons e Sons de Sergipe será de música brasileira, inéditas, sem restrições a estilos ou gêneros musicais. As letras das músicas, porém, deverão ser em português. O festival acontecerá em quatro etapas, sendo três eliminatórias e uma final.

- 1ª Eliminatória dia 09 de maio em Estância/Se.
- 2ª Eliminatória dia 16 de maio
- Grande Final dia 23 de maio.
São 07 músicas classificadas que disputarão a primeira eliminatória no dia 09 de maio. Quem quiser ouvir a música de Jairo acesse o site http://www.atalaiaagora.com.br/festival/estudantil.htm.
Vamos torcer e vibrar com nosso jovem compositor que estará representando, não só o CEPJO, mas Poço Verde no Festival Tons e Sons de Sergipe.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

RAPIDINHAS



Prefeito de São Cristóvão, na linha da responsabilidade e do compromisso com a população, encaminha projeto de lei a câmara de vereadores reduzindo em 20% o seu salário, o do vice e dos secretários;

Senadores e Deputados “apertam os cintos” não para viajar de avião com esposa, sogra, parente, amigo, gueixa, mas para tentar moralizar o uso das passagens aéreas destinadas a estes. Mas, a farra com dinheiro público continua e, para prosseguir com as bene$$$e$ estudam aumentar os salários para 24 mil reais.

Senador Almeida Lima, o Almeidinha, testa de ferro de Renan Calheiros na Comissão de orçamento, “indignado” afirma categóricamente que não vê mau nenhum em distribuir passagens aéreas com esposa, filhos e que, as milhagens decorrentes dos passeios ao exterior pagos com nosso dinheiro, para este, devem sim ser usadas por quem o congressista quiser.

Bate boca entre ministros do STF expõe as vísceras do guardião da constituição. Um negro, brasileiro, ministro, tem a coragem de enfrentar um neocoronel do Mato Grosso.

Prefeitos resolvem fazer greve. Isso mesmo, preocupados com a queda na arrecadação e das transferências da união, prefeitos resolvem fechar as prefeituras no dia 29 de abril. Quem dera que essa preocupação fosse com a transparência, seriedade e compromisso real com a população dos municípios.

Os conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE) aprovaram na sessão do pleno desta quinta-feira, 23, o processo que trata da aposentadoria do conselheiro Flávio Conceição. O relator do processo, Carlos Alberto Sobral de Souza, considerou legal as certidões do INSS anexadas ao processo a título de comprovação de tempo de serviço. A aprovação foi por maioria de votos. Esse é um prêmio pelas denuncias de corrupção no caso da gautama, da navalha. No Brasil, corrupto grande recebe como prêmio uma gorda aposentadoria.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

A INÉRCIA DE UM FUNCIONÁRIO PÚBLICO, A OMISSÃO DE UM GESTOR, E A DOR DE UM PAI DIANTE DA IMINENTE FALÊNCIA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA.






A 26 anos e 08 meses iniciava uma carreira como funcionário público, a princípio, como celetista trabalhando em secretaria de escola, posteriormente como professor concursado e, mais recentemente, exercendo um cargo comissionado de Diretor de Escola.
Desde o inicio da carreira, se, se pode chamar de carreira, uma trajetória no serviço público, as pessoas me diziam, principalmente na Universidade, que a educação pública vinha sofrendo um processo de sucateamento que, estava tornando o ensino público e “gratuito” coisa para pessoas que não tinham recursos para colocar seus filhos em Escolas Particulares. Escutei muito, também, como forma de denegrir a Escola Pública, coisa do tipo “na escola pública o governo finge que paga, o professor finge que ensina e o aluno finge que estuda”.
Confesso que não acreditava que o ensino público, outrora respeitado, e o professor um emprego invejável, chegassem aonde chegamos. Confesso que sempre acreditei que seria possível ter uma escola pública digna, comprometida e respeitada. Respeitada pelos governantes, respeitada pelos profissionais que atuam nela, respeitada pelos alunos e pela comunidade. Falar da “bandalheira” dos governantes que não tem e nunca tiveram a educação pública como prioridade, estou cansado de falar, estamos cansados de saber da podridão das licitações para construção e reformas de escolas, compra desonesta de material e merenda escolar, funcionários fantasmas, professores nos gabinetes e em casa, mas, chegou a hora de fazer uma autocrítica, “de cortar a própria carne”, como faziam os membros de algumas tribos americanas quando morria algum parente.
Não chegamos numa encruzilhada, sempre estivemos, nesses últimos anos, numa encruzilhada. Custei a acreditar, mas o processo de sucateamento, tão propagado pelos colegas de universidade, realmente existiu e se processou com a conivência e apoio dos governantes. Um monstro sem cabeça, sem braços, sem pernas foi criado e autofagicamente vem engolindo todos os trabalhadores em educação pública, pois, nos moldamos ao sistema, fomos “vampirizados” pelos anos contínuos de aceitação e convivência com os desmandos que culminaram no que está posto.
Como professor, sempre ouvi, e percebi, que estávamos perdendo aos poucos o único bem que nos restava, a dignidade. Perdemos, através dos anos, solapados pelas crises, pelas más administrações e pela falta de compromisso com a educação, o direito a um salário digno de professor, restou-nos apenas a origem do termo, o sal, que em tempos remotos servia para pagar o trabalho, ou moeda de troca. Para nos tornar iguais, via e ouvia nos corredores das escolas onde passei coisas do tipo: “fulano não ministra aulas”, “beltrano falta constantemente”, “cicrano está pouco ligando para os alunos”, o que importa é receber o “salário” no final do mês, pois cada um tem o “padrinho”, que merece, ou simplesmente via, ouvia e sentia, na minha omissão ilícita que o gestor da escola não aparecia, os funcionários não apareciam, muitos estavam em casa recebendo sem trabalhar, porque os fulanos, beltranos, cicranos da vida tem que aparecer.
Como gestor, apadrinhado pelo sistema, pois nós todos, indicados, que gerenciamos órgãos públicos somos, vivi e vivo toda sorte de desrespeito, irresponsabilidade, negligência, e crimes perpetrados contra a educação pública. Afora os explicitados acima, que criminosamente incide sobre a vida dos filhos e filhas de trabalhadores e trabalhadoras, por extensão nossos próprios filhos e filhas, outros tantos crimes são cometidos à luz do dia, à luz da pseudo intelectualidade, a sombra da noite sem pudor, sem escrúpulos, sem dó nem piedade daqueles que pagam, com o suor e sangue diário, impostos, e se utilizam, sem opção, dos serviços públicos. São faltas constantes de professores e funcionários que chega a doer na alma, na carne, nos brios e no orgulho. Não tem uma única semana para não faltar um servidor na escola, é raro o dia para não faltar um professor na sala de aula e, pior ainda, aulas perdidas, são aulas perdidas para sempre na maioria dos casos. Chego a computar 30% de aulas totalmente perdidas durante o ano, para não falar da negligência com relação a falta de projetos de cursos, planos de aula, planejamentos, acompanhamento, aulas propriamente ditas, enrolação e “embrometion” como dizem os alunos, para não falar nas reposições de mentira, feitas nas salas de vídeo com filmes que não tem nada a ver com o conteúdo, com reposições em que o professor está em dois lugares ao mesmo tempo, contrariando a lei da física que ele próprio às vezes ensina, ou reposição do tipo enviar um exercício, passar um ”trabalho”, ou simplesmente registrar, afora outras formas canhestras da provocar um engôdo proposital e, ‘”isso tudo acontecendo e eu aqui na cadeira alcochoada do gabinete de diretor dando milho aos pombos”, omisso, patético, conivente, impotente e inoperante, “com a boca escancarada e cheia de dentes esperando a morte chegar”, inclusive aceitando e acatando as ordens desconexas que vem de cima e as aberrações que vem de baixo.
Como pai de aluno que estuda em escola pública, perceber coisas aviltantes, viver coisas ultrajantes, como do tipo em que o professor marca uma reposição, os alunos comparecem vindo inclusive do interior, e mesmo na reposição o professor falta, ou viver, no dia a dia da escola a negligência criminosa de colegas que estão prejudicando o futuro não só de um seu, mas de todos que precisam dividir as migalhas de saber daqueles que pouco aparecem para cumprir com suas atribuições profissionais, para cumprir um dever de cidadão e de ser, imbuído de um mínimo de humanidade. Saber que seu filho, e outros filhos e filhas de trabalhadores estão perdendo uma oportunidade impar de conhecer o mundo, de compartilhar conhecimentos, saber e ver diariamente seu filho e outros filhos e filhas de trabalhadores e trabalhadores vir à escola e ter apenas uma ou duas aulas por dia e voltar para casa sem trabalhar os conteúdos programáticos, sem discutir em sala de aula os saberes do povo, os saberes da humanidade porque o professor não veio, porque o professor não vem amanhã, porque não tem ninguém que tenha a coragem de gritar para o mundo que estão jogando no lixo mais uma geração. Choro por mim, choro por meu filho, choro pelos filhos e filhas do povo que estão sendo “manietados” pelo nosso despudor e cegueira, pela minha omissão e aceitação criminosa dos erros propositais perpetrados por alguns professores.
Fomos ludibriados, engolimos todas as iscas que nos deram, nos tornamos iguais. O objetivo do sucateamento atingiu não só a parte física das escolas, atingiu em cheio nossas almas, nossas idéias, nossas ideologias, nossa dignidade. O desmonte foi ainda maior, hoje, estamos a serviço dos grupos dominantes sem nos apercebermos, pois quando não lutamos para dividir um mínimo de conhecimento com os nossos iguais perdemos a chance de formar “soldados” que lutem pelas nossas causas, pelas causas de todos, pelas causas do povo. Tudo isso, se tornou um jogo em que é cada um por si e ninguém por ninguém. Para comprovar isso bastou observar a última greve, diga-se de passagem, diga-se sempre, justa dos professores, para perceber que não temos o apoio da população, não temos o apoio dos estudantes, não temos o apoio dos nossos iguais, pois não estamos formando iguais, estamos cindindo, provocando mais divergências sociais, aprofundando as diferenças políticas e econômicas, ao virarmos as costas para aqueles que precisam desesperadamente de conhecimentos elaborados para romper com um histórico pernicioso de divisão social.
Afora todos os enunciados acima, quando restava uma esperança, quando parecia que venceríamos o medo, quando lutamos e vencemos por mudanças, eis que tudo está se encaminhando para o mesmo “gran finale”, pois, encastelados no poder permanecem os velhos saudosos do clientelismo e os neofeitores do empreguismo e do continuísmo. A mesma política de conchavos e alianças espúrias que coloca como moeda de troca a educação pública na cúpula e nos escalões inferiores; Os mesmos disparates que comissiona um sem número de privilegiados que não tem nada a ver com educação, que retalha a Educação Pública com “apoiadores” delegando-os poderes de vida e morte nas DRE’S; A mesma práxis de outrora que evidencia os órgãos gestores máximos em detrimento do chão da escola, em detrimento da sala de aula. Até quando? Até quando os bons profissionais serão tratados a pão e água? Até quando um repressor médio ou superior valerá mais que um educador, um conscientizador, um mediador de palavras, conhecimentos e idéias que poderão mudar, de verdade, o mundo?
Sei que a luta deve continuar, embora “esteja jogando a toalha”, percebo que a discussão sobre educação pública deve ser centrada na escola e deve ter como foco principal a sala de aula e não os gabinetes refrigerados dos órgãos gestores. Sei que profissionais responsáveis e comprometidos com a educação ainda existem, e devem ser bem remunerados, muito bem remunerados, como são os juizes, promotores e outras categorias profissionais, mas, jogar embaixo do tapete nossos erros e nossas omissões é tão perigoso quanto a inoperância e desmandos dos vários governantes que estiveram no poder e levaram a educação pública a um estado de iminente falência.
Prof. Luiz Carlos dos Santos
07/04/2009

domingo, 12 de abril de 2009

Crise e Consciência






Em tempos de crise econômica os apertos e cortes atingem somente os menos favorecidos, seja trabalhadores do setor privado, ou servidores públicos, são os mais vulneráveis e pagam o preço maior, com perda de empregos, não reajustes de salários, atraso ou não pagamento dos vencimentos entre outros "arrochos" que culpabilizam quem menos tem culpa no “cartório”.
A situação de crise e arrojo é inversa quando se observa a “casta” superior da população, banqueiros, empresários e políticos não vivem as mesmas agruras dos trabalhadores e desconhecem a crise, vivendo, apenas uma “marolinha”. A casta dos políticos profissionais é a mais cínica desse contexto, salvo raras exceções estes, incrivelmente, pouco se importam se há retração econômica, se as verbas destinadas aos seus municípios diminuíram, ou simplesmente se o estado deixou de arrecadar como arrecadava.
Basta abrir os jornais ou ligar a Tv, e está lá, todos os dias um escândalo de uso do dinheiro público de forma incorreta, de gente se locupletando, de gordos salários sendo reajustados em tempos de “vacas gordas” e em tempos de “vacas magras”. O legislativo é mestre em se auto promover, em se utilizar das prerrogativas de legislar para legislar em causa própria. O senado federal é a bola da vez, dia pós dia surgem escândalos e mais escândalos envolvendo dinheiro e mais dinheiro, parecendo até que vivemos em tempos de ouro e de fartura.
Estendendo-se por todas as assembléias legislativas e câmaras desse país a fartura é grande. Gordos salários, aumentos sucessivos, diárias para viagens inexplicáveis, verba para isso, verba para aquilo, dinheiro “vazando pelo ralo” e nada, mais nada de crise, se estendendo, obvio, pelo executivo que, num conluio amigável, na hora que se fala em dinheiro não existe diferenças políticas e ideológicas.
Nessa “dinheirolândia”, de vez em quando aparece uma noticia que nos prova que ainda existe uma linha tênue de ética nesse meio político, poucos mais agradáveis exemplos nos mostra que é existe, ainda, políticos éticos. No Jornal da Cidade desse domingo 12/04, página 2, municípios, coluna de Cícero Mendes, panorama Político, sob o titulo medidas duras, o Prefeito de Simão Dias, Denisson Deda, dá o exemplo, ao reduzir o seu próprio salário em 20% junto com os vencimentos do vice-prefeito e dos secretários. Era hora dos governantes desse país, do Governo Federal aos gestores dos pequenos município, como também os legisladores federais, estaduais e municipais seguirem esse tipo de exemplo.

terça-feira, 7 de abril de 2009

UM DIA DE MARCHA E PROTESTOS EM POÇO VERDE





UM DIA DE MARCHA E PROTESTOS EM POÇO VERDE

Convocados pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Poço Verde, agricultores e agricultoras do município marcharam nesta terça-feira, 07 de abril, pelas ruas da cidade.
Foi um movimento bonito de se ver, uma marcha pacifica de protestos que culminou com um ato de reivindicação no Banco do Brasil. Como me afirmou um pequeno trabalhador do campo “neste Brasil o pequeno só consegue as coisas depois de muita “zuada”, protesto e luta”.
O financiamento governamental para agricultura familiar é um parto difícil, e como todo investimento público que visa melhorar as condições de vida da população carente é cheio de entreveros, salamaleques e burocracia, quando não é campo profícuo para corrupção.
E por falar em investimentos e programas na agricultura no município é necessário falar no Fundo Municipal de Aval, dizer o que se produziu de bom, ressaltando que a idéia, frise-se, gestada na administração de José Everaldo de Oliveira foi louvável. É necessário elogiar quando o governante acerta, independente de sua cor partidária. No entanto, alguns indivíduos, principalmente os de maior poder econômico, desvirtuaram a idéia original e casos e mais casos de corrupção pipocaram, principalmente nos municípios circunvizinhos, com o envolvimento de Técnicos e agentes bancários macomunados com pseudosagricultores. O "dinheiroduto" funcionava dessa forma: Fazia-se um grupo de 10 agricultores, estes assinavam as propostas, como laranjas, recebiam o recurso repassavam para o agenciador que em troca dava a cada um uma quantia mínima e embolsava o montante total e, no final, muitos ainda pediam o PROAGRO, não pagando um centavo, dessa forma não retornando o recurso para o Banco.
Mas, falando da marcha, as reivindicações principais para o custeio 2008/2009 se referiam a maior agilidade na liberação dos recursos do PRONAF, abertura de novas contratações, acesso ao crédito por parte dos ex-alunos do PRONAF Jovem, garantir o acesso ao crédito às mulheres que desenvolvem atividades produtivas no estabelecimento rural/PRONAF Mulher, entre outras propostas que, se forem atendidas repercutirão melhorando a qualidade de vida dos agricultores e agricultoras do município de Poço Verde.
Enfim, parece que o povo de Poço Verde está acordando, com ou sem patrulhamento ideológico, várias categorias estão indo às ruas para reivindicar direitos e melhor, através da iniciativa popular representada pelos sindicatos. Viva os Professores! Viva os Funcionários Públicos! Viva os Trabalhadores Rurais!
 
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