Publico duas poesias do Poeta Gregório de Matos que viveu no Século XVII no Brasil Português. Apesar dos seus escritos serem do século XVII muita coisa ainda perdura e vivenciamos nesse Brasil que convive com antigas práticas colonialistas.
Eis, um pequena biografia de Gregório de Matos Guerra que nasceu na Bahia, em 1623, e morreu no Recife em 1696. Filho de fidalgo português e de mãe brasileira, cursou humanidades com os Jesuítas da Bahia e se formou em Direito pela Universidade de Coimbra. Passou a advogar em Lisboa, ocupando cargos de magistratura. Por sua sátira, foi obrigado a voltar à Bahia e, aqui, esta foi aguçada, tornando-o motivo de reações e perseguições. Acabou deportado para Angola, retornando um ano antes de morrer em Pernambuco. Gregório de Matos, que em vida nada publicou, produziu uma obra vasta e diversificada, mas, em sua época, muitos de seus poemas circulavam entre o povo, oralmente ou em manuscritos.
Eis, um pequena biografia de Gregório de Matos Guerra que nasceu na Bahia, em 1623, e morreu no Recife em 1696. Filho de fidalgo português e de mãe brasileira, cursou humanidades com os Jesuítas da Bahia e se formou em Direito pela Universidade de Coimbra. Passou a advogar em Lisboa, ocupando cargos de magistratura. Por sua sátira, foi obrigado a voltar à Bahia e, aqui, esta foi aguçada, tornando-o motivo de reações e perseguições. Acabou deportado para Angola, retornando um ano antes de morrer em Pernambuco. Gregório de Matos, que em vida nada publicou, produziu uma obra vasta e diversificada, mas, em sua época, muitos de seus poemas circulavam entre o povo, oralmente ou em manuscritos.
EPÍLOGOS
O que falta nesta cidade? ........ verdade.
O que mais por sua desonra? ......Honra.
Falta mais que se lhe ponha? ......Vergonha.
O demo a viver se exponha.
Por mais que a fama a exalta.
Numa cidade onde falta.
Verdade, honra, vergonha.
E que justiça a resguarda? ......bastarda.
É grátis, distribuída? ..............vendida.
Que tem, que a todos assusta? ...injusta.
Valha-nos Deus, o que custa
O que El-Rei nos dá de graça,
Que anda a justiça na praça
Bastarda, vendida, injusta?
O açúcar já se acabou? ....baixou.
E o dinheiro se extinguiu? ... subiu.
Logo já convalesceu? ..... morreu.
À Bahia aconteceu
O que a um doente acontece,
Cai na cama, o mal lhe cresce,
Baixou, subiu, morreu.
A Câmara não acode? ......não pode.
Pois não tem todo poder? ....não quer.
É que o governo a convence? .... não vence.
Quem haverá que tal pense,
Que uma Câmara tão nobre,
Por ver-se mísera e pobre,
Não pode, não quer, não vence?
(Gregório de Matos Guerra)
SONETO
Neste mundo é mais rico o que mais rapa;
Quem mais limpo se faz, mais crepa;
Com sua língua, ao nobre, o vil decepa;
O velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa;
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa;
Quem tem dinheiro, pode ser papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa;
Mais isento se mostra o que mais chupa..
Para a tropa do trapo vazo a tripa,
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, opa, upa.
(Gregório de Matos Guerra.)
O que falta nesta cidade? ........ verdade.
O que mais por sua desonra? ......Honra.
Falta mais que se lhe ponha? ......Vergonha.
O demo a viver se exponha.
Por mais que a fama a exalta.
Numa cidade onde falta.
Verdade, honra, vergonha.
E que justiça a resguarda? ......bastarda.
É grátis, distribuída? ..............vendida.
Que tem, que a todos assusta? ...injusta.
Valha-nos Deus, o que custa
O que El-Rei nos dá de graça,
Que anda a justiça na praça
Bastarda, vendida, injusta?
O açúcar já se acabou? ....baixou.
E o dinheiro se extinguiu? ... subiu.
Logo já convalesceu? ..... morreu.
À Bahia aconteceu
O que a um doente acontece,
Cai na cama, o mal lhe cresce,
Baixou, subiu, morreu.
A Câmara não acode? ......não pode.
Pois não tem todo poder? ....não quer.
É que o governo a convence? .... não vence.
Quem haverá que tal pense,
Que uma Câmara tão nobre,
Por ver-se mísera e pobre,
Não pode, não quer, não vence?
(Gregório de Matos Guerra)
SONETO
Neste mundo é mais rico o que mais rapa;
Quem mais limpo se faz, mais crepa;
Com sua língua, ao nobre, o vil decepa;
O velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa;
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa;
Quem tem dinheiro, pode ser papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa;
Mais isento se mostra o que mais chupa..
Para a tropa do trapo vazo a tripa,
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, opa, upa.
(Gregório de Matos Guerra.)